13 de Outubro de 1977.
Uma data que todo Corinthiano celebra a Quebra do Tabu de 23 Anos, batendo a Ponte Preta por 1×0 com gol de Basílio e se sagrando Campeão Paulista. Até hoje, 9 entre 10 Corinthianos consideram este gol mais importante da História. Mas você sabia, que este momento mágico e de alívio quase não aconteceu? Nada tem a ver com a defesa da Ponte. E sim, com o Governo Militar, muito antes de Sócrates e da Democracia Corinthiana, que só viria anos depois.
Era Outubro de 1977. Vivíamos a Ditadura Militar de Ernesto Geisel no país. Entre Campeonatos Estaduais, o país pegava fogo politicamente. Porém, algo entre os próprios militares não corria tão bem. No comando do Ministro do Exército, General Silvio Frota. Frota queria ser o sucessor de Ernesto Geisel. Mas o Presidente já havia optado por Figueiredo como o próximo militar no poder.
Enquanto Brandão, em São Paulo, treinava o Corinthians para a Final tão esperada, Geisel estava bastante desgastado com Frota e precisava de qualquer forma demiti-lo. Só que existia uma prática na Era Militar, que sempre que um Presidente do Brasil bate com o Ministro do Exército, o Presidente cai ou sai perdendo. Pressionado pelo fato, Ernesto Geisel deixa a candidatura de Frota crescer para o próprio Exército ficar bastante descontente com o fato.
Na manhã do dia 12 de Outubro, véspera do terceiro jogo, Geisel então mobilizou aliados e preparou o terreno. Eram Militares, Comissários e o poderoso General Bethlem (substituto de Frota no Exército) para demitir Frota sem maiores problemas na manhã do dia 12 de Outubro. Mas Silvio Frota não aceitava pedir demissão do cargo e um grande golpe pelo poder entre os próprios militares estava próximo de explodir, parando o país. Os jornais se dividiam entre a expectativa da Final e o clima bélico de Brasília.
Frota então vai para o QG do Exército e tenta conseguir apoio do auto-comando. Convoca Militares que voam imediatamente para Brasília e no Aeroporto da Capital Federal se deparam com duas Comitivas: a de Frota (o próprio Batalhão do Exército) e a do Presidente Geisel. Tensão no ar. Militares contra Militares causaria um caos instaurado no país, com reflexos imediatos em todos os cantos do Brasil.
Assim, o 1°, 2° e 3° Auto-Comando do Exército, que chegavam ao Aeroporto de Brasília, precisavam escolher se seguiriam a Comitiva do Palácio do Planalto, de Ernesto Geisel, ou a Comitiva do QG, de Silvio Frota, com o Exército. Mas optam por seguir Geisel e logo são informados da demissão de Frota. A tensão era dissipada. Frota também recua. Havia a possibilidade de haver uma reação dos militares fiéis à Frota.
Se os Militares optassem por seguir Frota e não o Presidente Geisel na Comitiva do Aeroporto, haveria um enfrentamento pelo poder. A Tropa da Brigada Paraquedista no Rio de Janeiro já estava em alerta para agir caso necessário. Mas não era necessário.
Assim, o caos no país estaria instaurado, um novo e grande Golpe Militar (desta vez, entre eles) em curso e atividades no país completamente paralisadas. Inclusive o Futebol. Automaticamente a Final do Paulistão 1977, com a expectativa do fim do Tabu, provavelmente ficaria sem Campeão por ausência de datas. Não existia clima algum para festividades e eventos esportivos. Era o país praticamente entrando em Guerra Civil
Mas a Paz venceu. E o Corinthians findava seu calvário. Basílio, Tobias, Palhinha, Geraldão, Zé Maria, Wladimir, Ruço e cia, venceram não apenas a Ponte Preta. Mas também derrotavam a guerra. O clube de Parque São Jorge, enfim era Campeão Paulista num país quase sempre na ebulição da Ditadura e com poucos motivos pra se sorrir. Era o Gol da Paz.