Vitor Pereira começou a semana deixando claro: o Corinthians teria mudanças. E várias delas, por sinal! A sequência de jogos importantes e a exaustiva rotina de viagens e treinos obrigaram o técnico a propor alternativas. Porém, seria preciso fazê-lo sem afetar o desempenho da equipe. Em outras palavras, seria possível mudar sem alterar, e isso não seria tarefa fácil. O treinador encontrou na base e no banco de reservas uma porta de saída para o problema.
Mas será que funcionaria? Da mesma forma que encontrou um Corinthians desalinhado e perdido, o treinador teria que reestruturar sua equipe para receber tais jogadores. Portanto, seria como montar um time novo com três competições acontecendo simultaneamente. Seria esta uma aposta válida? Bom, Vitor Pereira optou por assumir os riscos. Para a estreia na Copa do Brasil, contra a Portuguesa, relacionou oito jogadores da base corinthiana.
Além dos jovens, deixou seus titulares quase absolutos, como Renato Augusto, Roger Guedes e João Victor, em São Paulo. Estes é diversos outros não precisaram lidar com o translado até Londrina, local do jogo desta quarta-feira. Os garotos e os reservas, portanto, teriam de suprir a ausência destes medalhões. Mais uma vez, a pergunta pairava pela cabeça da torcida: será que está aposta é válida?
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O jogo do Corinthians
Assim como era de se esperar, o Corinthians que entrou em campo no chamado Estádio do Café por muito se diferenciava daquele que goleara o Avaí dentro de casa. Com novidades demais e entrosamento de menos, o Corinthians parecia um time mais lento. O jogo, entretanto, começou rápido. Com menos de dois minutos, em uma falha do jovem e questionado Xavier, a Portuguesa-RJ abriu o placar.
E este foi o primeiro tempo do time carioca. Além disso, nada fez. Paravam na defesa, nos desarmes do meio de campo e até nos seus próprios erros de passe. Pela outra metade do campo, o Corinthians não ficou muito atrás. Apesar de controlar bem a partida e comandar as ações ofensivas, o Timão pouco conseguia criar e, quando o fazia, era pouquíssimo objetivo.
É justo, entretanto, dizer que a Portuguesa-RJ se preparou muito bem para receber o alvinegro paulista. Congestionou o lado esquerdo do Corinthians e dificultou a criação de jogadas de Giuliano, encarregado de criar as jogadas de ataque. Porém, mais do que isso, com o placar a seu favor desde muito cedo, o adversário optou por segurar a bola como pôde com a famosa “cera”, e impediu que a partida rodasse como deveria.
Ao fim do primeiro tempo, Jô empatou a partida e colocou o Corinthians ativamente no jogo. Desde o balançar das redes favorável, o Corinthians dominou a partida e criou diversas chances de gol, embora não tenha aproveitado nenhuma. O jogo acabou em um a um, e parece ter sido o melhor a se fazer numa noite de estreias e desentrosamento. O resultado segue aberto, e as possibilidades para o Corinthians, também.
As apostas de Vitor Pereira
O resultado pode não ter sido dos mais favoráveis ao Corinthians. Afinal, analisando as estatísticas e as chances, o Timão poderia ter ganhado a partida mesmo saindo atrás no placar. Porém, algo de muito bom a de ser tirado do jogo. O técnico corinthiano pôde acompanhar o desempenho dos atletas de base em jogo profissional e avaliar suas performances no ato. Dos garotos, é possível tirar joias a serem lapidadas.
O destaque ficou com o zagueiro Robert Renan, de apenas 18 anos. Com pinta de xerife, Robert sabe se posicionar na linha de defesa e tem um importante poder de decisão. É rápido, porém, mais do que isso, é inteligente e preciso, sabendo exatamente a hora de agir e como fazê-lo. Acima de tudo, gosta de jogar para frente! Ensaiou saídas de bola bem trabalhadas com o meio de campo e demonstrou não ter medo de sair jogando, caso precise.
Este, na verdade, pode ter sido o ponto mais positivo da partida de ontem. Ivan, goleiro estreante do Corinthians na partida de ontem, mal tocou na bola. Para o bem e para o mal, o goleiro teve pouca participação e foi pouco acionado pelos seus companheiros. Quando foi necessário, agiu com cuidado e soube administrar suas jogadas com os pés, como Vitor Pereira há muito pede aos seus “guarda redes”, como se diz em Portugal.
Wesley, que entrou no segundo tempo, provou-se também boa alternativa aos ataques corinthianos. Apesar da pouca idade e experiência, o jogador entrou esbanjando presença de área, e até ensaiou a comemoração de um gol que não saiu. Não saiu, é verdade, mas foi por pouco! Em resumo, mostrou que pode, a longo prazo, trazer um respiro importante para os ataques do Timão. Porém, mais do que isso, demonstrou vontade sem tamanho de jogar.
O que não funcionou
Apesar do sucesso de suas grandes apostas, independente do resultado, Vitor Pereira viu dois jogadores de seu banco não corresponderem às expectativas. Na mesma linha da escalação dos garotos da base, o treinador deu novas chances a Xavier e Roni. Porém, mesmo com os esforços claros de ambos, a tentativa não surtiu efeito e os jogadores cometeram erros importantes para a partida.
Apesar de ser relacionado para a maioria dos jogos, Roni não tem conseguido se firmar como reserva do elenco principal e vem perdendo o espaço conquistado. Vitor Pereira gosta de utilizá-lo em jogos de mais intensidade, aproveitando-se de sua juventude, mas vê do banco de reservas sua imaturidade em momentos importantes. Ontem, Roni não conseguiu aproveitar a nova oportunidade e manter o ritmo da partida.
Já Xavier, vive uma situação mais complicada. Pouco utilizado por Vitor Pereira, o volante teve ontem sua primeira oportunidade como titular frente ao técnico, e pecou na inexperiência. Xavier cometeu o erro que originou o único gol da Portuguesa-RJ e, apesar de seus esforcos, sofreu com mais erros de passe e posicionamento. No meio de campo, abriu diversos espaços para ataques adversários e não conseguiu desarmar com precisão.
Fagner 450
Recuperado de uma lesão na coxa, Fagner ontem fez seu primeiro jogo de titular desde a semifinal do Paulista. Sua volta já era motivo o suficiente para comemorar. Porém, a noite de ontem marcou os 450 jogos do lateral direito pelo Timão. O jogador foi substituído no segundoo tempo, mas, antes da partida, recebeu uma homenagem da diretoria e dos demais jogadores.
E agora, Corinthians?
Agora, o Corinthians tem pouquíssimo tempo para remoer o resultado “mais ou menos” da Copa do Brasil. No sábado, o Timão entra em campo contra o Palmeiras, na Arena Barueri, e na terça-feira seguinte recebe o Boca Juniors, pela CONMEBOL LIbertadores. Apesar de não haver tempo para se lamentar pelas oportunidades perdidas, Vitor Pereira tem mais peças sobre as quais ponderar.
Os jogadores que ontem demonstraram pedir passagem já fazem parte dos treinos do Corinthians e podem começar a ser mais utilizados pelo técnico. Entretanto, é preciso compreender a estratégia corinthiana. Em comparação aos jogos que estão por vir, o confronto contra a Portuguesa-RJ estava em segundo plano. Embora seja uma tática arriscada, provou-se funcional.
Em suma, o jogo de estreia pela Copa do Brasil provou-se muito importante para ajustes pontuais no elenco em formação. Agora, Vitor Pereira conhece seus jogadores e, da mesma forma que fez com os titulares, poderá revesar os novos garotos. Nas próximas aparições, os veremos carecas devido ao trote aplicado dentro do CT pelos veteranos e, apesar de não ter sido a estreia dos sonhos, deu nome à vários rostos importantes.
Bem-vindos ao Corinthians!