No cargo há cinco meses, desde a saíde de Carlos Brazil, André Figueiredo é o atual gerente de futebol do departamento de formação. É impossível falar em planejamento a longo prazo, sem organizar a base para revelar bons jogadores para a equipe profissional.
O atual dirigente que cuida dessa área é ex-jogador e chegou a trabalhar em clubes como Atlético/MG, Ceará e Capecoense. Ele conversou com o GE e falou sobre o trabalho que vem fazendo.
“O que faz brilhar os olhos é ver um atleta que a gente captou, formou, fazer a transição no profissional, pegar Seleção e ser vendido. Esse é o grande objetivo. Óbvio que o futebol cobra vitórias, a base precisa ganhar, mas não precisa ser de qualquer jeito. Temos que ganhar formando jogadores. Os clubes têm dificuldades financeiras, e a base vem para que esses custos lá em cima diminuam. Ganhar é bom, brilha os olhos no momento, mas o resultado final é ver o atleta chegar ao profissional”.
André Figueiredo entende que se é necessário ficar contratando ateltas para o sub-20, o trabalho não vem sendo bem feito. E acrescenta fazendo uma boa projeção: tem muito jovem bom que pode chegar ao profissional do Timão.
“Se você tem o objetivo de formar jogadores, se tiver de contratar jogador no sub-20, está formando mal. Claro que tem uma ou outra carência de alguém que machuca no decorrer do ano ou alguma posição que vai atrás e não acha. Agora, se tiver de montar um time sub-20 para ganhar um Paulista ou para ganhar uma Copa São Paulo, você está dando um tiro no pé, sinal que não formou ninguém lá embaixo. Hoje temos uma geração 2003/2004/2005 que é uma das melhores do Brasil”.
Mudanças na direção da base
Ao chegar no alvinegro, o profissional foi questionado sobre contratações e dispensas no departamento. Ele queria ser justo, portanto ainda está avaliando alguns profissionais que já estavam no clube, enquanto trouxe alguns nomes de outros lugares.
“Eu trouxe o Pedro Moreira, que entrou no lugar do Glauber (gerente de operações), que pediu para sair, o Gustavo Loddi para um cargo administrativo, já que o Erick pediu para sair, além do Guilherme Dalla Déa (técnico) para o sub-17 e absorvemos o Danilo e a comissão do sub-23 para o sub-20”.
Como o Corinthians tem agido na hora negociar a porcentagem que tem de cada jovem?
Quase todo jogador com bom potencial que vem da base e começa a se destacar, não é 100% do clube. André Figueiredo explicou como tem sido administrar as coisas nesse sentido.
“A lei não favorece muito os clubes. Trouxeram um mercado do profissional para a base, em relação a percentual, a luvas, a salário alto, que é prejudicial ao menino quando acaba ganhando muito dinheiro. Leva uma responsabilidade que não deveria ser dele, de sustentar a casa aos 16 ou 17 anos, pois ele ganha mais que os pais juntos. E acaba tendo uma cobrança nele de assumir algumas contas, é prejudicial, ele acaba perdendo o foco que deveria estar só no futebol. Mas esse mercado desceu para a base. A ideia é que o Corinthians fique com o maior percentual, de preferência 100%, sabemos que nem sempre é assim, mas estamos sempre brigando por isso”.
Como o clube tem lidado com Pedro?
Destaque da base e titular da seleção sub-17, Pedro chegou a jogar a última Copa São Paulo (que é sub-20) e até balançou as redes com apenas 15 anos.
“Além do desafio de achar uma grande pedra preciosa, tem o desafio de lapidá-la e transitar no momento certo. Pedro é, sem dúvida, um atleta de destaque da base. Um menino que queimou etapas. Era sub-15, jogou no sub-17, hoje é titular da seleção sub-17. É uma pedra preciosa como outras que temos, alguns maturam mais rápido. Temos bastante atletas de qualidade aqui, e esperamos que a gente acerte com o Pedro. Ele já é titular do sub-20, já treinou no profissional. Fisicamente é muito forte, tecnicamente é excelente, a gente só não consegue avaliar a transição quando chega no profissional, se vai suportar um jogo no aspecto psicológico. Ele tem dado mostras de que vai conseguir”.
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Garotada chegando na equipe profissional
Durante a entrevista, André Figueiredo comentou como vem sendo a transição dos jovens chegando à equipe profissional. Essa pergunta é bastante relevante pois a presença de garotos da base vem sendo cada vez mais comum nos treinos da equipe de cima.
“Tenho uma relação diária com o Alessandro. A decisão de quem vai subir tem vários contextos. Estávamos sem campeonatos na base, e estavam subindo todos os atletas que eram interessantes para o Vítor Pereira conhecer. Neste momento, começaram os torneios, e os jogadores de base precisam jogar. Ficar no profissional só treinando faz perder a competitividade, a questão de jogar um jogo inteiro. Hoje a prioridade é do profissional, mas se temos um jogo, a gente conversa para que ele jogue. Aí colocamos outro lá em cima para completar o treino. A integração existe, temos conversado semana a semana para tomar a melhor decisão para o clube”.