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Corinthians cria precedente na era Vitor Pereira

Beatriz Maineti

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O Corinthians parece ter entrado no prumo. Com um rodízio quase inimaginável, Vitor Pereira parece ter achado o seu próprio jeito de treinar dentro de um time que só conhecia um método de jogo. No fim das contas, parece uma história com final feliz. Mas é preciso frisar: este é apenas o começo. A vitória do Corinthians sobre o Deportivo Cali pela Libertadores mostra que há o que se comemorar, porém ainda há muito trabalho a ser feito.

Corinthians vence primeira pela Libertadores e cria precedente positivo com a torcida
Corinthians vence primeira partida pela Libertadores contra o Deportivo Cali, na Neo Quimica Arena. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

O jogo do Corinthians

Vitor Pereira estava em débito com a torcida corinthiana. Sua chegada gerou grande expectativa de um time mais ofensivo, mas pouco disso havia sido visto até este momento. Porém, ontem, dentro da Neo Química Arena, o Corinthians pôs em prática a filosofia do técnico. Desde o início do jogo, o Timão fez valer os treinos de “marcação/pressão” ao longo da semana e sufocou a saída de bola do Deportivo Cali.

Pode, ainda, não ser totalmente eficiente, mas provou-se possível. Com atacantes marcadores e até um Jô mais colado no zagueiro do que o normal, o Corinthians conseguiu criar boas chances. O Timão desceu para os vestiários com as estatísticas positivas da partida Porém, ao contrário de partidas anteriores, foi além dos números: o Timão transformou os números de posse de bola, precisão de passes e chutes em chances reais de gol.

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O rodízio

Uma das novidades no time de Vitor Pereira é que não há um time. Pode parecer confuso, mas a explicação é simples: o técnico português prefere variar formações táticas e de pessoal para tornar o jogo mais fluido. Nos últimos três jogos, Vitor Pereira utilizou 22 jogadores do Corinthians, e fez mudanças que, por vezes, fizeram o torcedor levantar as sobrancelhas. Mas elas não decepcionaram tanto.

Mais do que rodagem, esta tática dá ao time dinamismo, e ajuda o Corinthians a não perder o ritmo de jogo em meio a maratona que é o calendário nacional. Mas esta estratégia oferece ao time mais do que isso: a possibilidade de jogo alternado. Valorizando pontos fracos do adversário, dá ao Corinthians uma visão mais clara das partidas e mais possibilidades dentro de campo.

Ontem, isso deu certo. O Corinthians, além de ter sido mais ofensivo, pôde manter sua estratégia durante os 90 minutos de jogo, mesmo quando seus principais jogadores já perdiam pique. A entrada de Du Queiroz, por exemplo, permitiu a Renato Augusto um jogo menos corrido e mais pensado. Já Lucas Piton, que cedeu o lugar de lateral-esquerdo a Bruno Melo no fim da partida, soube fazer as vezes de ala esquerda – mesmo que por pouco tempo.

O que ainda falta

Apesar da empolgação pela atuação e pela segunda vitória seguida na era Vitor Pereira, algo inédito até o momento, é preciso ter calma. O Corinthians ainda não é um time pronto; faltam ajustes. Ainda é preciso organizar as boas peças do meio de campo para que elas não se anulem, além de terem espaço para subirem suas ações ao campo de ataque. No ataque, falta definir o trio de atacante e, além disso, ajeitar o passe final.

Ontem, o Corinthians muito criou, mas pouco marcou. As bolas chegam à grande área adversária e o Timão finaliza com perigo, mas não balança as redes. Este ajuste pode vir com a definição dos jogadores ideais para a função. Afinal, embora Jô faça a função de pivô como poucos e arrisque boas finalizações, não consegue acompanhar os jogadores que correm pelas laterais. Isso desfoca atuações de Willian, Roger Guedes e outros que já jogaram pelos cantos.

Na defesa, há outro problema. Os jogadores parecem descompassados e perdidos entre si. Na partida contra o Botafogo, Vitor Pereira testou João Victor e Raul Gustavo e o resultado não foi ruim, mas eles deram muitos espaços para os adversários. Ontem, foi a vez de Gil e Raul Gustavo, contrariando a dupla original feita pelo veterano com João Victor, mas ainda há desnível. Gil não consegue acompanhar o ritmo e os garotos não possuem sua calma.

Foi criado um precedente para o Corinthians

O corinthiano agora espera bons resultados, e vê possibilidades para isso acontecer. Ontem, o Corinthians deu mais do que esperanças; deu uma vitória com gosto de Corinthians. Afinal, o torcedor não espera atuações de gala, goleadas ou coisas do tipo – embora elas sempre sejam um bônus positivo. O jogo do Corinthians pode não ser primoroso neste primeiro momento, mas é funcional e é um jogo de vontade.

Elenco, o Corinthians tem. Estrelas, de sobra. Mas ontem o torcedor teve a confirmação de que as peças sabem jogar como Corinthians, e agora querem mais. Criou-se um precedente para a era Vitor Pereira e, caso as coisas sigam caminhando desta forma, ele tende a se provar positivo. São precisos toques finais, ajustes finos aqui e ali, aprimorar as triangulações. Mas o caminho foi trilado. Agora, basta seguir.

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