Dá para brincar de jogo dos sete erros com os últimos jogos do Corinthians. Para isso, basta ler as jogadas com atenção e, portanto, buscar as semelhanças e diferenças entre cada uma delas. Esta, portanto, não será uma tarefa difícil. Seguindo o estilo “perde/pressiona” de Vitor Pereira, o Timão quer manter o adversário no campo de defesa. Dessa forma, é possível impor o seu próprio jogo e traduzir espaços em jogadas de ataque. Na teoria, é simples.
Porém a prática é sempre muito diferente da teoria. Fazer acontecer um estilo de jogo mais europeu com o elenco corinthiano é um desafio e tanto! O próprio Vitor Pereira, aliás, já deixou isso muito claro. Ontem, porém, contra o Goiás dentro de casa, o português provou que é difícil, mas não impossível. Em palavras mais simples: o Corinthians soube ser superior na partida, fez valer o mando de campo e a torcida. Mas ainda não é o ideal.
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O verdadeiro jogo dos dois erros do Corinthians
Quando eu digo que dá para transformar os jogos do Corinthians em uma brincadeira de criança, é mais simples do que parece. Vamos pegar dois exemplos práticos: um deles a partida contra o Athlético-PR, pelo Campeonato Brasileiro, e o outro a partida em questão, contra o Goiás. Em ambos os jogos, portanto, Vitor Pereira tentou imprimir a mesma técnica, apostando em transições rápidas e em passes envolventes.
Em ambos os jogos, aliás, isso deu certo. Com Roger Guedes e Willian invertendo posições, as linhas de marcação era quebradas com mais facilidade. Mas Willian não jogou contra o Goiás. Aí está o primeiro erro: o camisa 10 ficou foram por problemas físicos não especificados. Gustavo Mantuan assumiu a posição. O esquema foi o mesmo e até funcionou, mas não com perfeição.
No meio de campo, a ideia é uma criação de jogadas inteligentes e rápidas. Apostando em jogadores com passes bem colocados e boa presença de área, a estratégia de VP é transformar o meio em arma de ataque. E aí mora o segundo erro. Giuliano e Renato Augusto intercalam posições para evitar a fadiga – mas isso acontece principalmente porque não há substituto a altura para os dois. Cantillo quebra o galho, mas não mantém o padrão de jogo.
O X da questão
Dizer que o elenco do Corinthians é limitado é uma premissa midiática que gera cliques. Não é. Um time com nomes como Willian, Renato Augusto, Giuliano, Roger Guedes, Fagner, Gil, Fábio Santos, Cássio e Adson não é limitado. Mas o que fazer quando algum deles não está à disposição? Para onde correr? Esse tem sido o grande desafio da gestão de Vitor Pereira. Sem os craques, para onde ir?
A grande verdade é que o Corinthians peca nas substituições. Não a toa o time cai de rendimento na segunda etapa, quando é quase imprescindível trocar peças na equipe. Na minha opinião, ter no meio de campo Renato Augusto, Giuliano e Maicon é o trio ideal. Mas Maicon está contundido; Renato Augusto não aguenta a sequência de jogos. E agora? Giuliano é o substituto perfeito para a criatividade do Renato e Du Queiroz é um excelente volante.
No ataque, Adson, Willian e Roger Guedes se ajeitaram como dupla de um ataque que não tem centroavante. Mas Willian também precisa ser substituído com frequência, e Gustavo Mantuan se tornou peça de reposição. Não é um mal jogador, mas também ainda não se encaixou como deveria na posição. Já me pediram “tempo”, mas não sei até quando. De qualquer forma, a peteca cai quando é necessário substituir, e este é o grande problema.
O bom de Corinthians x Goiás
É exagero dizer que o Corinthians fez uma excelente partida contra o Goiás. No primeiro tempo, porém, é até cabível. O Timão foi mais exigente, construiu jogadas bem trabalhadas do meio de campo para frente e chegou com perigo. Roger Guedes e Adson tiveram excelentes chances de gol, inclusive a do pênalti. Eu, particularmente, não opino sobre a veracidade ou não do pênalti.
Desde aquele Corinthians x América-MG pela Copa do Brasil de 2020, eu me abstenho de comentar sobre pênaltis de mão. Afinal, se aquela bola que bate no braço do Lucas Piton enquanto ele corre de costas para a bola é pênalti, tudo pode ser. Prefiro, nestes casos, me ater aos fatos: independente do pênalti, o Corinthians merecia a vantagem. Soube traduzir erros do adversário em acertos próprios e deu até alguns arrepios ao longo do jogo.
No segundo tempo, porém, caiu novamente de produção. Muito pelas substituições, mas também pela saída inesperada de Gil. O zagueiro sentiu uma lesão muscular e cedeu seu lugar ao Robson Bambu, que, desta vez, não prejudicou. Com a ajuda de Fábio Santos, a defesa foi mais segura e menos afobada. No meio de campo, Cantillo não conseguiu acompanhar Renato Augusto e Du Queiroz, mas deu opções de viradas de jogo interessantes.
A cara do Corinthians em campo
A torcida obviamente comemora a vitória, mas preciso dizer: como foi bom ouvir os aplausos ao retorno de Fagner! E mais do que isso: como foi bom ver a emoção nos seus olhos ao pisar novamente no gramado da Neo Química Arena! Fagner pode ainda não ter cruzado a linha de chegada para ser um grande ídolo – talvez lhe falte um título de expressão. Mas é inegável: ele é a cara do Corinthians!
Quando foi chamado por Vitor Pereira no segundo tempo, a torcida naturalmente vibrou. Mas era uma vibração diferente. Não foi como um gol, com a euforia a flor da pele, ou como um incentivo após um lance defensivo importante. Foi um abraço! Naquele momento, com o estádio de pé e o número 23 estampado nos telões e na placa de substituição, a torcida abraçou Fagner.
E que abraço lindo. Fagner traz dentro de si o espírito que a torcida espera ver no Corinthians, de raça, determinação e força. Hoje, talvez ele e Cássio sejam o grande símbolo da família corinthiana dentro de campo. Mais do que o futebol apresentado, o corinthiano sentiu falta de se ver em campo durante esse tempo em que Fagner esteve fora. E foi isso, então, que esteve presente naquele abraço.
Lições aprendidas. Vamos para a próxima
No ritmo que as coisas andam, o corinthiano não tem tempo de analisar uma única partida. É preciso, portanto, analisar rapidamente e já se preparar para a próxima. Este, porém, é o ritmo do futebol brasileiro: acelerado. E talvez seja exatamente isso, portanto, que falta ao Corinthians: aceleração. A troca de passes foi envolvente, o Corinthians trouxe o adversário para um ponto de desequilíbrio e se aproveitou disso. Ótimo! Mas é preciso ser mais rápido.
A inteligência, na minha opinião, é a principal chave de um jogo de futebol, mas não pode ser a única. É uma junção de fatores, porém, que leva um time a uma vitória ou a uma derrota, e isso vai além do resultado do placar. É como se fosse um quebra cabeças: a inteligência é uma peça da borda, a habilidade é uma do meio e o coletivo é uma das pontas. Falta agora encaixar a última delas: rapidez efetiva, que fiz bem ali no centro. Assim, os resultados virão!