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Corinthians: Olhos no Futuro

Luís Butti

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Saudações, Fiel Torcida Corinthiana. Eu sei, o fim de semana não está nada fácil. O título do Rival na Libertadores e a exigência de reação imediata. Três anos em que o Corinthians é, puramente coadjuvante em competições de maior lastro (leia-se fora do âmbito estadual, onde nosso domínio é amplo e com certa folga) e necessidade de equacionar as dívidas e de ter um time competitivo.

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(Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)

Confesso, é difícil entender o óbvio, que nossa competição institucional passa por méritos de terceiros em nossos adversários. Pegamos, pois, o Palmeiras, que cresceu com uma boa gestão de Paulo Nobre e Maurício Galiotte, além do patrocínio (mecenato, vamos dizer a verdade) da Crefisa, que buscou o excelente Abel Ferreira.

No Rio de Janeiro, o Flamengo com crédito no mercado por arrumar a casa financeiramente, trouxe reforços de peso global como Rafinha, Filipe Luis, Pablo Marí, Diego Alves, e conseguiu fazer Gabigol, Bruno Henrique e Arrascaeta renderem. Fora a presença de Jorge Jesus.

E também colocaria nessas listas de times com poder aquisitivo, o Clube Atlético Mineiro entrando neste bolo como um forte player, pela presença da MRV, na construção de sua Arena Galo no Jardim California em BH, atrelada a venda do Diamond Mall.

Consequentemente, atletas e personagens de renome, como Hulk, Sampaoli, Guilherme Arana, Alonso, Savarino. E a recuperação de Réver e Keno. E aparentemente, o Santos e o Internacional, mesmo com gestões contestadas e mudanças de Presidentes (Modesto Roma para Andrés Rueda no Santos e Marcelo Medeiros para Alessandro Barcelos) devem ser novos Players bastante incômodos em breve.

Cara, e o Corinthians?

Contudo, o Corinthians, embora tenha batido Campeão da Libertadores, Recopa, Brasileiro, Mundial e vários Estaduais, se sagrando Campeão até mais vezes do que seus rivais de momento, optou pela internacionalização por um outro caminho: abrir a Copa do Mundo de 2014 com a Neo Química Arena.

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(Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians)

Os frutos são colhidos semanalmente no Tour Casa do Povo, onde estrangeiros deixam seus dólares e euros convertidos em reais em souvenirs, produtos e camisas nas Lojas, Visitas e Lanchonetes oficiais do clube, ainda conseguindo vender o Naming Rights em plena pandemia por um valor extremamente elevado para o momento. É um case de estrondoso sucesso, não tenha dúvidas.

Entretanto, a década virou e é hora de olhar para o futuro. O maior rival, o Palmeiras, acaba de ser Bicampeão da Libertadores. E nós, com seríssimos problemas financeiros, com possibilidades reais de ficar, pelo terceiro ano consecutivo fora da Fase de Grupos da Libertadores da América. É um duro golpe numa torcida que almeja grandes craques, e não os tem.

Os grandes caras da Europa, como Neymar, Phillipe Coutinho, Roberto Firmino, Fred, Danilo, Giuliano, Taison, Dentinho, Willian, Thiago Silva, David Luiz, Luiz Gustavo dificilmente virão. Caríssimos. Não abrem mão de seus salários altos e três a quatro anos de contratos. Não tem conversa.

A discussão, de onde devem vir os reforços também é infinita.

Luan e Jô, com renome e experiência, fracassaram de forma retumbante em 2020-2021. E os no mercado em times menores, como Nikão, Gilberto, Vina, Ademir, Messias, não empolgam.

Quando se fala em buscar os atletas em times menores da América do Sul, como Patriotas, Caracas, Unión Española, Defensa y Justicia, Tucumán ou Sportivo Luqueño a torcida torce o nariz. Time pequeno? Não pode. Não sabe o que é Corinthians, dizem alguns.

E quando se fala em buscar atletas de clubes latinos maiores, vem na cabeça Ángelo Araos e Sergio Diaz, que não vingaram. O segundo, inclusive, até já saiu. Cara de clube de Série B? Logo é rotulado como “xepa”, como perna de pau, fim de feira, esquema de empresário ou sem qualidade.

Nesta situação, nos sobra apenas um cenário: os meninos da Base. E é aí que eu aposto. E é aí que eu vejo a virada do fio e o novo sucesso na década de 20.

Explico:

Estamos muito próximos de ter algo inédito no Continente: Um CT de Base de nível Champions League. Com monitoramento dos atletas de forma técnica, tática, psicológica, estrutural desde os 11, 13, 15 anos.

ct base

Um DNA, um estilo de jogo vencedor. Provavelmente reativo, com contra-ataque letal. Com os grandes ídolos (e seus filhos) super vencedores do clube ali. Alex, Alessandro, Danilo, Márcio Bittencourt, Fernando Lázaro (filho do Zé Maria).

Gente que entende de Corinthians vencedor, dominante. E bota isso na cabeça do menino desde os 13 anos. De como vencer. Onde estão as fraquezas. Como potencializar as oportunidades.

Apostar na Base nos próximos anos é ter algo que o Corinthians não teve em 110 anos de vida. Um preparo desde a adolescência do menino. Um local para revelar uns dez Maycons por ano. Uns 5 Dentinhos. Uns 4, 5 Sylvinhos. Uns 6, 7 Casagrandes. Uns 3, 4 Marcelo Djans. Uns 8 Decos.

Os meninos subiriam muito mais prontos. Muito. Dominar Categoria de Base com estrutura de Europa seria um tombo em times que precisam gastar alto pra isso.

Competir com algo Padrão Europa e que mais ninguém no Continente tem sequer parecido faz uma diferença absurda. Vide os dois últimos técnicos Campeões da Libertadores: ambos europeus, de Champions League.

Quem tem técnico europeu, de Champions League no Brasil? Quase ninguém. Quem tem, dominou. Sobrou. Deu baile.

E quem tem CT de Base de Champions League no Brasil?
Muito provavelmente vai sobrar também. Criar talento e potencializar o jogo.

Não adianta. Preparo de Futebol Europeu elevará o Corinthians para outro esporte. Um patamar que jamais alcançamos. Não praticamos o mesmo esporte no Continente. Somos paupérrimos em tática, físico, psicológico e técnica. Com o CT da Base, corrigiremos o segundo, o terceiro e o quarto.

Um treinador com uma visão mais plural de leitura de jogo (pode ser o Mancini mesmo. Uma estrutura do CIFUT o capacita pra isso) também vai colaborar bastante.

Quem imagina o Corinthians morto com a Categoria de Base, vai levar um susto. É só aguardar três a quatro anos.
A reação começa agora.

Luís Butti
Sócio proprietário Identidade Corinthiana

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