O jogo contra o Fortaleza, pelo Campeonato Brasileiro, deu ao corinthiano uma perspectiva parcialmente negativa. Embora o Corinthians tenha conquistado mais uma vitória dentro de casa e assumido a liderança do campeonato nacional, não foi soberano. Entretanto, apesar do bom time apresentado pelo Fortaleza, este não é um cenário comum para o corinthiano. Dentro de casa, o Timão costuma ostentar a pose de “imbatível”.
Seguindo o esquema de rodízio de Vitor Pereira, o Corinthians não apresentou seus “titulares”. Afinal, a torcida precisa entender, enfim, que esta característica não estará presente na equipe do português. Entretanto, a torcida parece ter compreendido o estilo de Vitor Pereira. Os jogadores, também. Isso parece ter um objetivo: disputar em alto nível as três competições nas quais se encontra. E o esquema, portanto, parece ser efetivo.
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O jogo Corinthians x Fortaleza
Dentro de casa, o Corinthians possuía a superioridade numérica. Sim, pois, afinal, a torcida do Timão parece comandar – com ou sem bola – o gramado da Neo Química Arena. Assim havia feito contra o Boca Juniors, na semana anterior, e assim fez contra o Fortaleza. Embalado pela vitória importante, o Timão respirava aliviado na tabela do Campeonato Brasileiro e poderia, portanto, assumir a liderança com uma vitória.
O grande problema parece ter sido postural. O Corinthians, mal organizado do meio para trás, pouco conseguiu segurar a pressão adversária e abriu muitos espaços para ataques do Fortaleza. Não dá para dizer que era um time sem ânimo, mas “acomodado” pode ser uma palavra a ser usada. Sem ímpeto do meio para trás e sem objetividade do meio para frente, o Corinthians ficou a mercê de jogadas de contrataque.
E é verdade que, no primeiro tempo, quem ofereceu mais perigo foi o time da casa. Afinal, ainda na primeira etapa, Junior Moraes chegou a balançar as redes, mas o gol foi anulado pela arbitragem. Porém, depois disso, pouco criou. Trabalhou na contenção e contou com a destreza de Cássio que, mais uma vez, fez uma excelente e segura partida na meta do Corinthians. Mas isso não pode ser o suficiente.
Em um belo cruzamento de Maycon na segunda etapa, o Corinthians abriu o placar. Mas é preciso afirmar: não é de um corinthiano o último toque na bola antes que ela balance as redes. O Fortaleza, mal posicionado dentro da área, deu uma força ao Timão dentro de casa e colocou o time paulista na liderança do Brasileirão. Porém, mais uma vez, isto não pode ser o suficiente.
A lesão de Paulinho
Ainda muito cedo no jogo, o Corinthians perdeu uma de suas principais peças. Paulinho, que, até aquele momento, fazia uma boa partida, sofre um entorse no joelho após uma entrada do jogador adversário. Antes mesmo de cair no chão, o jogador já pede para ser substituído. De pronto, Vitor Pereira chama Du Queiroz. Entretanto, poderia ter colocado Giuliano, que, com mais experiência e tempo de bola, poderia ter ajudado na criação de jogadas.
Posteriormente, foi constatada uma séria lesão no volante corinthiano. Paulinho teve um rompimento no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, e seu caso é cirúrgico. Ao que tudo indica, o jogador ficará, no mínimo, seis meses fora. Ou seja, muito provavelmente perderá o restante da temporada. Para o Corinthians, é uma grande perda no meio de campo e no ataque.
Apesar de ainda não ter engrenado no estilo de jogo do Corinthians após seu retorno, Paulinho vinha mostrando evoluções dentro de campo. Antes muito estimado por suas infiltrações certeiras na área, foi criticado por pouco ter pisado no retângulo final do campo desde que voltou ao Parque São Jorge. Porém, com o auxílio de Vitor Pereira e uma organização de jogo favorável, estava voltando às suas origens. Agora, será preciso ainda mais tempo.
Poderia ter sido diferente
A substituição do Paulinho poderia ter sido um divisor de águas no esquema corinthiano. Se no lugar de Du Queiroz tivesse entrado Giuliano, mais encorpado e mais visionário dentro de campo, as jogadas de ataque poderiam ter sido mais objetivas. Nesse esquema, Renato Augusto poderia ter se apresentado mais a frente do campo e ter dado mais opções a Willian e Roger Guedes.
Há uma peça, entretanto, que pede atenção. Porém, neste caso, a atenção que pede é positiva. Junior Moraes tem se apresentado como um protótipo do atacante que o corinthiano pede. Com forte presença, pressão na defesa adversária e performances mais certeiras, ele tem sido um trunfo para o ataque do Corinthians. Este jogo, talvez, tenha aberto os olhos da comissão para ele que, enfim, vem pedindo passagem.
O esquema de Vitor Pereira, o quase inominável antes de sua chegada, o 4-5-1, provou-se útil. O Corinthians hoje é um time formado por meias, e é preciso adaptar-se a isso. Porém, esta não é uma tarefa fácil. O time precisa, ainda, dosar seus esforços. A defesa precisa confiar mais em si mesma, enquanto o meio de campo precisa se acostumar com o excesso de gente. No ataque, é preciso assumir a função de marcação em tempo integral sem deixar de atacar.
Novidade já não é – afinal, Vitor Pereira tenta implementar isso desde seu primeiro dia. Porém, é um novo jeito de jogar. Por incrível que pareça, parece que os mais experientes acostumaram-se com mais facilidade. Os mais novos ainda precisam de maturidade. Mas é um esquema promissor. O time se cansa menos quando joga numa única metade do campo e oferece mais perigo quando joga em harmonia. Esta última parte, porém, é a mais difícil.
Uma alternativa salvadora para o Corinthians
É claro que, neste momento, Vitor Pereira sabe o time que tem nas mãos. Mais do que conhecer as peças individualmente, entretanto, o treinador parece ter encontrado a melhor forma de moldar seu esquema de jogo ao Corinthians. E vice-versa. Hoje, seu rodízio e sistema adaptativo de jogo parecem ser a melhor alternativa para a maratona que o Timão deve enfrentar nos próximos meses.
Analisando, portanto, o calendário, o Corinthians terá três competições simultâneas. Além do grau de dificuldade com crescimento exponencial. Hoje o Corinthians é o primeiro colocado no Campeonato Brasileiro e líder do seu grupo na CONMEBOL Libertadores. Porém, ainda busca classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil e manter o nível para a Libertadores. O time terá, portanto, que rodar entre três competições dificílimas com pouco intervalo.
Vitor Pereira, obviamente, enfrentará dificuldades ao longo do caminho. Além de lesões e possíveis punições, será preciso entender internamente qual é a melhor forma de montar o time para cada uma das partidas. Hoje, seus testes são diários. Mas há, neste período, coisas boas a serem tiradas: hoje, o Corinthians é um time versátil. Com ajustes que precisam de urgência, porém, pode ser competitivo em todos os campeonatos. Para isto, não há tempo. É preciso agir.