O corinthiano que celebrou a chegada do Paulinho ao Corinthians no início de 2022 talvez não reconheça essa felicidade ao vê-lo em campo. Mais cansado, um pouco mais lento e até atrasado nas jogadas, o volante ainda está buscando o seu lugar dentro das quatro linhas, e parece que Vitor Pereira compartilha dessa angústia. Mas, afinal, onde o Paulinho se encaixa no time do Corinthians?
O Corinthians de hoje
O Corinthians de 2022 é, por essência, um time armador. Com jogadores complementares no meio de campo e nomes de peso, como Renato Augusto e Giuliano, o time alvinegro se constrói basicamente na troca de passes e na construção de jogadas “de pé em pé”, buscando espaços na sua área de ataque com infiltração, seja através de bolas aéreas ou pelo chão.
Mas Vitor Pereira quer uma equipe ofensiva; um elenco pautado no seu tão famoso e discutido “perde-pressiona”. Consequentemente, além de um meio campo armador com habilidade para criar e concluir jogadas de ataque, o professor precisa de peças que consigam segurar os contrataques antes que eles se iniciem, de preferência antes da linha de meio campo. Hoje, essa função é desempenhada pelo jovem Du Queiroz – mesmo deslocado de sua função original.
E como o Paulinho atua?
Essencialmente, Paulinho, com habilidade e versatilidade que carrega, poderia entrar em qualquer um dos setores de meio campo. No Corinthians, em 2012, era o típico cinco, com desarmes assertivos e armação rápida de jogadas, além de uma presença contundente dentro da grande área que traz ao corinthiano deliciosas lembranças. Entretanto, hoje, ele já não é mais esse jogador. Consequentemente, tornava-se presença cativa em todos os setores do campo.
No Tottenham e no Barcelona, times de grande expressão na Europa onde atuou com excelência, por outro lado, era mais armador. No time catalão, especificamente, jogando com Luís Suárez e Lionel Messi, era o típico garçom, e criava jogadas que favoreciam os dois atacantes, além de aparecer de forma incisiva na área para deixar o seu sempre que possível. Já na China, porém, assumiu a função de falso nove de vez e jogava mais dentro da área do que fora.
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Juntando Paulinho e Corinthians de hoje, como fica?
Essa é a dúvida que paira sobre as cabeças de torcedores e comissão técnica. Paulininho começou sua nova passagem pelo Corinthians como goleador, com boa infiltração na área, presença para a distribuição de jogadas e até desarmes pontuais. Nesse sentido, chegou reavivando o antigo volante de 2012, que marcou aquele gol histórico de cabeça contra o Vasco pela Libertadores daquele ano.
Mas este personagem não vingou. Pouco tempo depois, com a troca de treinadores e da filosofia de jogo, a falta de ritmo de Paulinho tornou-se evidente, e ele pouco produziu desde então. Consequentemente, jogando ao lado de Renato Augusto e Giuliano, essa condição se torna ainda mais aparente. Afinal, na ausência do número 11, não consegue ser tão objetivo defensiva e criativamente, e, na ausência do oito, não consegue ser tão ofensivo.
E o que isso significa para o Paulinho?
Primeiramente, Paulinho precisa de tempo. Tempo para recuperar o condicionamento físico e conseguir atuar em alto nível no esquema que Vitor Pereira deseja; tempo para se adaptar a nova forma de jogar e aos companheiros de time que, com mais experiência juntos, já possuem mais confiança. Entretanto, mais do que ele, o VP precisa de tempo. Apenas com ele poderá determinar qual é a melhor formação e posição para o Paulinho, e utilizá-lo como se deve.
Até lá, Paulinho admite estar abaixo, mas garante que não falta dedicação para reverter esta situação. Ao todo, são 14 jogos na temporada 2022 e três gols marcados – sendo um deles uma recriação incrível de um marcado por ele com assistência do próprio Renato Augusto na seleção brasileira. Habilidade, versatilidade e comprometimento não lhe faltam – isso é claro. Resta lhe dar o tempo necessário.