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A tranquilidade de um Corinthians maduro

Beatriz Maineti

Agora, depois de tanto tempo e tantas apostas, podemos, enfim, dizer: o Corinthians amadureceu. Embora ainda seja repleto dos “miúdos” que fazem a cabeça de Vitor Pereira rodar, o time demonstra mais preparo em grandes jogos. Nos menores, sabe se organizar, entretanto, para fazer valer suas vantagem tática e conquistar seus objetivos. Porém, sua maior força tem sido mostrada em jogos decisivos.

Corinthians mostra calma e amadurecimento em consagração da classificação na Copa do Brasil
Roni e Du Queiroz festejam classificação do Corinthians para as quartas de final da Copa do Brasil. (Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians)

Isso recai muito sobre o técnico português que, apesar dos pesares no elenco corinthiano, trabalha tanto o emocional quanto o físico. Como resultado, o Corinthians colhe um amadurecimento precoce – no melhor dos sentidos – e embala nas três frentes que disputa. Além disso, as soluções provisórias de elenco, propostas por VP, se mostram mais do que tapa buracos. Os jovens utilizados deram ao Corinthians algo que o time não tinha há tempos: banco.

A classificação do Corinthians para as quartas de final da Copa do Brasil, porém, era um acontecimento anunciado. A vitória por quatro a zero sobre os rivais em casa nos garantiu uma vantagem muito grande. Entretanto, era necessário utilizar este jogo como forma de consolidação de um trabalho bem feito. E isso, sem sombra de dúvidas, aconteceu. Com um Corinthians bem postado e armado, fica claro que nossos horizontes hoje são mais amplos.

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Tá com pressa? Vai pescar

Vitor Pereira deixou claro ao entrar na Vila Belmiro ontem: só o que interessava ao Corinthians era a vitória. Esta, porém, não veio. O Timão saiu da Vila com uma derrota básica por um a zero, com gol de pênalti do Santos. Entretanto, vale ressaltar que o time da casa conseguiu uma chance real apenas no pênalti – por erro corinthiano. Até aquele momento, os adversários se mostraram desorganizados e perdidos dentro do seu próprio campo.

O Corinthians, por outro lado, parecia pronto. Como se enfrentasse um jogo sem vantagem alguma, o alvinegro não demonstrou desespero, se acertou em campo e construiu bem pelo meio. Mas, mais do que construir, soube desconstruir o que o Santos criava. Uma linha de defesa bem armada, bem postada e tranquila minou os espaços deixados em campo e marcou com facilidade. No fim, pouco criaram.

No meio de campo, Giuliano mostrou que, mesmo apagado, é fundamental. Não pelo futebol, pouco apresentado na partida, mas pela sua postura. Postura esta, aliás, que parece transcender para aqueles que compartilham posição com ele. Roni é a prova viva disso. Anteriormente criticado por seu jeito explosivo e por confusões desnecessárias, hoje o jogador ostenta uma calmaria absurda. Aprendizados que tira daquele que chama de “paizão”.

O contraste do Corinthians

Se por um lado vimos um Corinthians que exalava calmaria, por outro a torcida encontrou um velho inimigo. O temperamento de Raul Gustavo, um velho conhecido do time, poderia ter causado problemas ontem. Já ao fim da partida, sem qualquer vestígio de calor no jogo, o zagueiro começou um “empurra-empurra” com o adversário. Por sorte a confusão foi contida depressa e o cartão amarelo serviu como lição.

Na outra extremidade do campo, porém, a falta de tranquilidade afetou de outra forma. Geovane, jóia entre os miúdos e que foi permanentemente adquirido pelo Timão recentemente, teve em seus pés a bola do jogo. Em contra-ataque rápido puxado pelo Corinthians, Geovane saiu na frente do zagueiro e, na cara de João Paulo, chutou para fora. O gol era feito e poderia ter fechado a partida, mas o desespero tirou a chance de abrir o placar.

Os dois jovens jogadores, porém, não merecem a culpa por uma derrota que não interfere no campeonato. O Corinthians estava classificado antes de entrar em campo e, mesmo que os mais pessimistas acreditassem num susto, ele não veio. Entretanto, ambos acendem um alerta aos comportamentos internos. Raul Gustavo terá tempo de aprender com Gil e Balbuena. Geovane, com Yuri Alberto, Renato Augusto, Willian e Giuliano. Dos males, o menor.

Temos, enfim, reposições

É fato que, com reforços e retornos, nomes como Roni, Xavier e talvez até o próprio Adson figurem mais vezes no banco de reservas. Esta, porém, não é uma afirmação negativa! Há muito tempo o Corinthians sofre com contratações ruins, anúncios precários e um elenco sem força. Isso ficava claro, portanto, no momento em que os técnicos precisavam olhar com atenção para o banco de reservas.

Se o time titular mal conseguia se firmar, que dirá o reserva! O banco estava sempre cheio, mas poucos ali poderiam realmente fazer a diferença quando eram chamados ao campo. Era triste para o torcedor acompanhar este tipo de situação. A nova gestão providenciou reforços assim que possível e trouxe nomes de peso. Willian, Roger Guedes, Giuliano, Renato Augusto, Maycon e Paulinho chegaram com status de titulares. Mas quem os substituiria?

Esta foi uma questão que, inclusive, martelou a cabeça do próprio Vitor Pereira por muito tempo. Hoje, com o trabalho de preparação que o português realizou com os seus miúdos, há opções. O cansaço de Giuliano pode ser substituído pelo gás de Roni, e Adson faz bem as vezes de Willian quando preciso. Giuliano e Renato Augusto se revezam entre si, mas ainda há quem apareça. As improvisações de Vitor Pereira mostraram-se, por fim, soluções!

As lamentáveis cenas da Vila

Pensei muito em como abordar em texto os terríveis acontecimentos da Vila Belmiro. Matutei com os meus botões qual seria, portanto, a melhor forma de retratar a invasão ao campo e as agressões. Como torcedora do Corinthians, fico indignada e triste. Como apreciadora do futebol, sinto-me traída. Sim, traída. Afinal de contas, essas invasões e agressões servem única e exclusivamente para tirar do esporte que tanto amamos o seu brilho natural.

A rivalidade no futebol é normal. Afinal, o que seria de um esporte de competição se não houvessem rivais?! Tornaria-se monótono demais. Mas a cena do torcedor santista correndo em direção ao Cássio que anda despreocupado pelo campo foi de arrepiar. Uma bizarrice sem tamanho! Uma mancha no futebol nacional para não se esquecer. Além disso, os sinalizadores atirados propositalmente em direção ao goleiro poderiam ter provocado algo ainda pior.

Nós, corinthianos, devemos nos lembrar bem do que os sinalizadores já nos causaram. Em 2013, a tragédia envolvendo nossa torcida e o garoto Kelvin nos custou uma dor enterna. Justamente por isso, nós, mais do que ninguém, entendemos seu perigo. O jogo de ontem poderia ter marcado um acontecimento ainda mais terrível. Para que o futebol aconteça, é preciso garantir a segurança. O futebol, portanto, não é o que foi apresentado ontem.

Corinthians rumo às quartas

O time que enfrentou o Santos pela Copa do Brasil nas duas partidas não será, provavelmente, aquele que enfrentará o novo adversário. Além dos reforços já sabidos – como Balbuena e Yuri Alberto – e aqueles que podem vir, como Fausto Feras, o Timão terá retornos. Willian já treina com o grupo, e Matheus Vital e Ramiro foram reintegrados ao elenco após empréstimos. Por outro lado, Fagner, Maycon e Renato Augusto devem voltar em breve.

Estes nomes devem, consequentemente, fortalecer um time que encontrou seu caminho de pedras amarelas. Este pode, porém, não ser o melhor dos cenários em termos de elenco, mas o milagre acontece no CT Joaquim Grava. Vitor Pereira provou-se um técnico engenhoso e com altos níveis de inteligência, mas não só pela sua tática de jogo. VP é um técnico de primeira pelo seu entendimento de futebol.

Ao dizer que ele “entende de futebol”, vou muito além de esquema de jogo. Me refiro, portanto, ao conhecimento que o português tem das peças que estão à sua disposição. E, ainda mais do que isso, tem a confiança daqueles que comanda. Isso fica claro ao olharmos a atenção que os jovens depositam em sua palavra e o carinho e admiração dos experientes. Vitor Pereira é um técnico de primeiros lugares!

Hoje, o Corinthians, mesmo remendado, mostra-se um adversário forte e competitivo. Isso acontece porque a equipe, unida, é mais forte do que seus próprios anseios individuais. A maior parte do elenco entende hoje, portanto, que para atingir metas próprias é preciso lutar pelo grupo. Um por todos, todos por um – o Corinthians! Vale dizer: o Timão começou a decolar quando conseguimos um técnico que entende a grandeza do clube. Corinthians grande!

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