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Histórias corinthianas: Torcedores contam suas passagens mais marcantes ligadas ao Corinthians

Tiago Zambroni

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O Corinthians completa 112 anos nesta quinta-feira (01), cercado de glórias, títulos, craques, operários e histórias vindas do seu maior patrimônio: Os torcedores corinthianos.

Corinthians completa 112 anos em 1° de setembro (Imagem: Bruno Momezzo - @memezz_o)
Corinthians completa 112 anos em 1° de setembro (Imagem: Bruno Momezzo – @memezz_o)

Sim, a Neo Química Arena é linda, o Parque São Jorge é histórico, a sala de troféus não falta absolutamente nada, mas o torcedor, aquele que pinta as arquibancadas de preto e branco é o maior bem do clube.

A partir de agora, o que o leitor acompanhará, são histórias e passagens vindas do próprio torcedor.

Torcedor como você que está lendo este texto agora, torcedor como todos aqueles que colaboram para este site, torcedores que estão em todos os cantos do mundo.

O Timão é mundial (bi-mundial, aliás), é de São Paulo, do Brasil, das periferias, das comunidades, mas também é daquele que está na Inglaterra, na Bélgica, na França, na Argentina, na Itália, Austrália, Omã, Irã…

Então, com vocês, a bancada:

O nascimento e consagração de um ídolo!

“Meu nome é André Gabri, tenho 40 anos, corinthiano, tatuador, nascido na zona sul de São Paulo, capital, na região de Santo Amaro.

São muitas histórias com o Corinthians desde que me entendo por gente.

Porém, uma que é muito especial, aconteceu logo no primeiro ano que comecei a frequentar o Pacaembú, aos 12 anos, com minha mãe, ano 1994.

Coincidentemente esse ano foi a estréia de Marcelinho Carioca com o manto do Corinthians.

No jogo contra a Portuguesa, do Canindé ele fez seu primeiro gol, de falta e estávamos presentes no Pacaembú.

Até então não sabíamos que ele se tornaria um dos maiores jogadores da história.

Mas quis o destino que eu estivesse novamente em um jogo contra a Lusa em 1997 e havia uma grande expectativa pra ele marcar o 100º gol.

E marcou.

Marcelinho de falta fez o seu 100° gol com a camisa do Corinthians, praticamente igual ao primeiro.

Essa história e esse ídolo estão gravados na minha memória como se fosse hoje.

Muito obrigado Corinthians por existir e ter me escolhido.

Vai Corinthians!!!”

André Gabriel, Tatuador

Meu pai, meu herói!

“O dia que te encontrei no alambrado da curvinha do Pacaembu.

É uma história que tento escrever há anos.

Pode parecer bobinha, mas ganha sentido quando eventos da vida acontecem e tudo vira poesia.

Você sempre me levou ao estádio, desde pequeno.

Um programa de pai e filho infalível (em 1987 era mais comuns pais e filhos, hoje as coisas mudaram para melhor e o estádio se tornou um lugar mais igualitário entre GÊNEROS, mas só entre gêneros (Isso é uma outra história).

E também desde pequeno me fez sócio do clube DE CARTEIRINHA, que tenho até hoje.

Até por que você a guardou, como guardava as coisas na sua ABSURDA MEMÓRIA.

Desde o Corinthians de 1954 até a seleção sub 20 de Vladivostok.

Memória invejável.

Entres esses jogos surgiu a oportunidade de poder entrar em campo como “mascote” do Corinthians.

O time vinha de uma campanha HORRENDA, mas subindo nas tabelas.

Era um campeonato q havia começado para a gente cair de divisão, mas como o Coringão é o Coringão, estávamos recuperando.

A história foi a seguinte: o melhor amigo do meu pai, aqueles parças de estádio, trabalhava como preparador físico.

Juro que não me lembro se era no Corinthians, mas sei que trabalhava na GM, em São Caetano, que era onde morávamos.

Ele prometeu:

“Serjão, “vamo” coloca esse moleque lá pra dentro pra tirar foto e entrar em campo!”

De pronto, ao saber, me animei como nunca.

Achei até que era pra jogar a famosa “preliminar”, mas era para tirar fotos no vestiário, conhecer um pouco do Pacaembú e entrar com os ídolos.

O jogo era Corinthians x Juventus.

Corinthians que neste dia teria em campo com Waldir Peres, Édson, Mauro, Jatobá e Dida; Biro-Biro, Eduardo (Wilson Mano) e Éverton; Jorginho, Marcos Roberto e João Paulo.

Técnico: Chico Formiga.

Pois bem, chegou o dia 04/07/1987, um clássico sábado a tarde do monumental Pacaembú.

A nossa maloca.

Havia 31.920 almas para apoiar o time do povo na arrancada para tentativa do título.

Eis que chega o momento:

“Brunão, vai lá.

O Boquinha tá te chamando.”

Olhei com receio, pois sempre fui aos jogos mas era um pivete “bunda mole” e tinha medo de ficar longe de você — até porque era muito gostoso ver jogo com você.

Mas respirei fundo e fui, dando aquela olhada pra trás.

Pequenas despedidas também são despedidas.

Fui para o meio de um MONTE DE CRIANÇAS!

Um mar de corinthianinhos babando nos jogadores, ansiosos pela hora de entrar em campo.

Começam todos a se aglomerar e o “bunda mole” aqui já sente aquele pequeno pânico, mas respira, lembra do velho que ficaria orgulhoso, lembra da torcida, bandeiras, agarra a mão do Everton e sobe.

Como o ápice da minha longa experiência de 5 anos de idade.

Devidamente orgulhoso e fardado de Corinthians.

Bandeiras tremulando, fogos, balões, o time de povo entrou em campo!

Em seguida, o Juventus entra, mas passo a ficar meio perdido dentro do campo sem saber o que fazer.

Ninguém havia me falado a “regra” do mascote”.

Bateu o “pânico Parte II” e a sensação de estar perdido no meio de uma multidão que não me ameaçava, apenas me observavam, afinal estávamos do mesmo lado.

Vejo o Waldir Perez (que também descansa no céu hoje) se aquecendo e resolvo correr pela pista de atletismo do campo do Pacaembú.

Ela fica entre o gramado e o alambrado — e, na época, o alambrado era daqueles entrelaçados, antigos.

E as pessoas gritavam, me incentivavam, mas eu não entendia nada.

Foi um misto de pânico e de êxtase, pois parecia que eu comemorava um gol, mas eu só queria encontrar uma pessoa, uma saída.

Eis que, dentre essas mais de 30 mil almas gritando, escuto de longe, como uma mágica, como se todos tivessem se calado, a sua voz:

BRUNÃO, PARA DE CORRER, PAPAI TÁ AQUI!”

Fui até ele, nos demos a mão pelo alambrado.

Ele me deu um beijo pelo alambrado.

Ali, no alambrado da curvinha do Pacaembú.

Então talvez a poesia fique na nossa conexão e na habilidade que tenho em te ouvir, sem alambrado, além de um multiverso que criamos na vida.

Obrigado, pai.”

Bruno Momezzo, Publicitário

Corinthians: Um título, um grito de campeão

“Paulistão 95!

Após o titulo brasileiro de 90, o Corinthians fazia boas campanhas.

Mas começou a esbarrar na parceria Palmeiras / Parmalat, no super time que eles fizeram nesse período de 93 à 96 e em um período que o campeonato Paulista tinha um grande peso e relevância no país, o Corinthians vinha de um jejum no regional (ultimo titulo havia sido em 88) e estava batendo na “trave” com 2 vice campeonatos (91 e 93).

Sem contar que estava na final contra o bicampeão paulista e melhor time do país naquele momento.

Eu como Corinthiano, vi principalmente o titulo de 93 escapar e ali pra mim começou a grande rivalidade Corinthians X Palmeiras.

O Corinthians tinha acabado de ser campeão da Copa do Brasil e foi mto bom, mas o torcedor queria devolver aquele titulo perdido de 93 e teve que esperar 2 anos para isso acontecer!

A final em Ribeirão Preto foi marcante.

Foi um grande jogo!

Falando do segundo jogo, o Corinthians sai perdendo com um gol de Nilson e chega ao empate com Marcelinho em uma cobranças perfeita no ângulo passando por cima da cabeça do Muller.

Esse campeonato tinha prorrogação.

E que prorrogação!

O Corinthians foi muito guerreiro e conseguiu fazer um golaço com uma “bomba” de fora da área do Elivelton que saiu correndo pra torcida e tirou a camisa (ele estava vestindo duas) e jogou para a galera.

O Corinthiano enfim tirou o grito da garganta de campeão Paulista e esse foi um jogo muito marcante daquele time de Eduardo Amorim, que havia sido efetivado no ano de 95 e conquistava o segundo titulo do time naquele ano.

Tinha 9 anos de idade, sai gritando e pulando muito com esse campeonato e foi nesse titulo que comecei a entender o que representava um derby, o que era ganhar do seu maior rival e começava a construir a minha história de ídolo com Marcelinho que ficaria no Corinthians por muitos anos.

Que dia, que jogo, que vitória, que alegria, ao melhor estilo Corinthians e com certeza um dos jogos da minha vida!

Marcelo de Mello, Canal Fala Muito, Fiel!

Um Corinthians que ensina acreditar até o fim!

“O ano era 2001 em uma semi-final do campeonato Paulista no estádio do Morumbi.

Jogo esse que o Corinthians tinha a desvantagem no resultado agregado, sendo que o Santos jogava pelo empate.

Como nada para nós Corinthianos é fácil, tomamos o primeiro gol, mas logo após a bola voltar a rolar Marcelinho Carioca empatou o jogo.

Resultado ainda insuficiente para a classificação do Corinthians.

Como sempre, continuamos empurrando o time.

Nunca deixei de acreditar um só minuto que conseguiríamos o gol e consequentemente a vaga na final daquele campeonato.

Fato é que o tempo passava e a torcida adversária já gritava “eliminado” e faziam festa na arquibancada.

Enquanto isso, me lembro nitidamente de um senhor que estava ao meu lado na arquibancada, ele usava um boné cheio de broches com imagens de Nossa Senhora Aparecida e com um rádio de pilha colado ao ouvido.

Ele olhou para mim e disse:

“Filho, nossa Mãezinha irá nos ajudar e esse gol vai sair.”

Naquele momento o que pude dizer é um AMÉM!

Ao findar do jogo, mais precisamente aos 47 minutos do segundo tempo, Andrézinho achou um passe em profundidade para Gil, que simplesmente deixou o zagueiro adversário sentado no chão, cruzou a bola na direção de Marcelinho que magicamente fez o corta luz para Ricardinho que já vinha em direção à bola com a canhota armada e acertava a gaveta.

GOLLLLLL!

Naquele instante eu tive a certeza que o Morumbi realmente tinha amortecedores na arquibancada, pois a estrutura tremia muito!

A festa estava armada, abraços em amigos e em todos os irmãos Corinthianos que estavam em minha volta, a Fiel foi a loucura!

SIM, estávamos na final! Foi da forma que todo Corinthiano ama, foi na raça, no sufoco, na emoção, quando ninguém mais acreditava a Fiel estava ali empurrando e acreditando até o último instante!

ISSO É CORINTHIANS!”

Rodrigo Delecrode, Canal Coringão Pistola

Lágrimas, protestos e comemorações

“Os punhos cerrados e erguidos demonstram uma clara manifestação de protesto.

Era possível identificar o aceno em aglomerações reivindicadoras no século 19.

O gesto ficou marcado e imortalizado nos jogos olímpicos de 1968, na Cidade do México, após os atletas americanos Tommie Smith e John Carlos subirem no palco para receberem medalha de ouro e bronze respectivamente, nos 200 metros.

Esse tipo de manifestação ganhou força em eventos esportivos.

O atleticano Reinaldo também comemorava seus gols com o braço erguido e punho cerrado e até hoje há quem afirme que o centroavante foi preterido na Copa de 82 pelo forte apelo político ligado as suas comemorações.

É seguindo esse exemplo que eu destaco uma das manifestações mais significativas e impactantes registrada nos gramados brasileiros: O punho cerrado do elenco do Corinthians minutos antes da decisão do título brasileiro de 2011.

Minutos que se tornaram inesquecíveis para esse torcedor que tem como um de seus grandes ídolos, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira.

No dia 04/12/2011, o Magrão, como era conhecido por amigos, deixou uma legião de fãs e admiradores tristes com o seu lamentável passamento, horas antes do Corinthians entrar em campo para enfrentar o seu principal rival, valendo taça.

E o que mais marcou quem acompanha o clube e para o amante do esporte bretão, foi a frase que o Dr. disse certa vez:

“Eu quero morrer num domingo, num dia em que o Corinthians ganhe um título”.

O destino foi capaz de nos proporcionar esse tipo de coincidência e o Timão garantiu o 5º título brasileiro.

Na minha retina ficou gravado a manifestação dos torcedores, jogadores e comissão técnica, todos com punhos cerrados e erguidos no minuto de silêncio dedicado ao atleta/Doutor que eternizou a camisa 8 do Sport Club Corinthians Paulista.”

Igor Mendonça, Torcedor Corinthiano

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