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Identidade x Indigência tática

Tiago Zambroni

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Identidade: Palavra chave da entrevista pós-jogo de Vitor Pereira logo depois de massacrar a Ponte Preta na Neo Química Arena no último sábado (12).

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

O treinador usou a palavra para se referir à cara que ele deseja dar ao seu time.

No caso de VP, uma cara ofensiva, de um time que marca em cima, que propõe o jogo, que assume uma condição de protagonismo dentro da partida, seja ela contra quem for.

Era isso que o Corinthians queria fazer na última quinta-feira (17) quando foi ao Allianz Parque enfrentar o arquirrival Palmeiras.

Esse sim, um time com uma identidade definida e talhada por títulos e vitórias importantes nos últimos tempos.

A missão de Vitor Pereira é um tanto quanto ingrata, pois desde 2016, quando Tite deixou o Corinthians para assumir a seleção brasileira, apenas Fábio Carille conseguiu ter algum sucesso à frente do Alvinegro.

O ex-auxiliar técnico venceu três campeonatos paulistas e um brasileirão quando ninguém esperava, talvez nem mesmo o torcedor corinthiano esperasse por tais conquistas.

Em 19, apesar de o time dentro de campo não jogar o mais belo futebol, bateu campeão estadual e chegou nas semifinais da Copa Sul-americana.

Depois caiu após “perder o vestiário”, como diria o jargão futebolístico.

Mas tinha identidade.

Tirando esses hiatos “carillescos”, o que sobra é a indigência completa de qualquer coisa.

A inexistência (quase) completa de identidade

Após a saída de Tite, muitas foram as tentativas sem nenhum sucesso.

Primeiro Cristóvão Borges, que tinha feito bons trabalhos à frente do Vasco principalmente, mas que depois disso, pouco tinha apresentado.

Pouco para credenciá-lo ao cargo de treinador do Corinthians.

Caiu rápido e deu lugar a Osvaldo de Oliveira, que vinha um viés de baixa na carreira há algum tempo.

Claro que não deu certo, e sobrou para o auxiliar-interino que virou salvador da pátria em 17.

O sucesso de Carille abriu espaço para um pensamento que se tornou nocivo em 18: A equipe está no automático.

Foi assim que o também ex-auxiliar Osmar Loss assumiu e naufragou, dando lugar a Jair Ventura.

Jair que colocou um fraco Corinthians na decisão da Copa do Brasil.

Sem vergonha alguma, estacionava o ônibus do clube na frente da área e jogava por uma bola.

Deu certo na semifinal contra o Flamengo e quase deu na final também.

A malandragem de Dedé impediu que o treinador alcançasse um grande feito.

Passando por 2019, chegamos então à “revolução do futebol corinthiano” com Tiago Nunes.

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A proposta de futebol total com TN foi muito bem aceita pelo torcedor, mas as saídas de Ralf e Jadson, muito mal explicadas até hoje, começaram a minar o seu trabalho.

A exposição de uma “cartilha de bons modos” e o pedido de 40 jogos transformaram em galhofa um trabalho que poderia ter sido promissor.

A falta de atletas e dinheiro também contribuíram para o fracasso do trabalho, que perdeu completamente qualquer traço de identidade e na reta final, agonizava na defesa em busca de um gol salvador.

Sai Nunes, vem Coelho (!).

Mais parecido com um Coach motivacional do que com qualquer outra coisa, Dyego Coelho poderia ter sido efetivado se seus resultados tivessem sido melhores.

Não foram e veio Mancini.

Tirou o Corinthians do sufoco, deu e levou goleadas, caiu e também não deixou nada para Sylvinho.

Esse ficou nove meses e até hoje não se sabe se o time era ofensivo ou defensivo.

Mas como ofensivo se o time parecia engessado para atacar?

Como defensivo se a bola passava toda hora na cara do goleiro Cássio?

Por fim, a missão de VP é árdua e ele sabe que terá bastante trabalho pela frente.

Conseguir dar identidade à uma equipe indigente não é missão das mais fáceis e ele precisará de tempo.

Quanto tempo? O tempo dirá.

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