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O Gabriel tem que ir pro Banco?

Bruno Dookie

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Foto: Buda Mendes/Getty Images

Eu sempre tentei reparar na torcida montando suas equipes em fóruns e discussões na internet. Os jogadores menos badalados sempre ficam de fora dessas escalações fictícias que a torcida palpita em todo canto. Na fila, o galático sempre está na frente do carregador de piano. SEMPRE!

Outro tipo de jogador que sempre fica de fora, é o defensivo. Romero, Jorge Henrique, Ramiro, Gabriel, pratas da casa e por aí vai. Esses, nunca foram preferência nessa lista. E parem pra notar, que em sua maioria, essas escalações nunca são EQUILIBRADAS, como sempre prezaram, Tite, Mano, Carille e agora preza, Tiago. Quanto mais jogadores ofensivos, melhor. Não importa se os atacantes marcam, se ocupam espaços, se dão botes. Dá pra escalar 3 meias e 3 centroavantes? Bora! Até a entrada de Jorge Henrique e Dentinho, como pontas ofensivos que marcavam os laterais e preenchiam espaços, dando liberdade para Ronaldo ficar apenas paradão fazendo gols e dando assistências, a torcida pedia em peso, por R9 e Otacílio Neto no ataque. Jorge Henrique e Dentinho ainda não tinham o apoio do torcedor. A formação que deu liga e foi utilizada pela primeira vez na semifinal contra o São Paulo, no 2×1 do Cristian em 2009, foi a que não perdeu até a final da Copa do Brasil contra o Inter. Quem estava mais certo? Mano Menezes ou a Torcida?

Felipe; Alessandro, Chicão, William e André Santos; Cristian, Elias e Douglas; Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo.

A parte tática e o equilíbrio como EQUIPE, nunca está na cabeça dos milhares de técnicos-torcedores que temos espalhados pelo Brasil. O time sempre parece uma formação para o Cartola ou Elifoot.

E a bola da vez é o Gabriel. “A saída de bola dele é pífia” ou “Ele só sabe marcar”. Vamos já de cara relembrar de um mito da fiel: RALF. Pra mim, um dos segredos dos times de Mano, Tite e Também Carille em 2018/2019.
Ralf ocupava espaços como poucos, roubava bola sem fazer faltas, fazia cobertura das duas laterais, dava segurança para a zaga e contribuía muito para o time jogar ofensivamente mais tranquilo. Nosso volante nada moderno jogava por 2, fazia como ninguém o silencioso jogo sujo (sem excesso de cartões), e sempre foi um monstro sagrado, mesmo sendo mais limitado tecnicamente com a bola nos pés. O que foi ótimo, porque se fosse bom também com a saída de bola, numa mistura de Kanté com Tony Kroos, não teria ficado anos sendo um ídolo gigante por aqui. Poderia ter sido vendido bem antes, e mais, ter desfalcado o clube para jogos da seleção.

Não creio que Gabriel esteja no mesmo patamar de Ralf. Inclusive após sua volta, Ralf tomou a vaga de titular, mesmo não sendo mais o mesmo do início da carreira.

E ainda sobre a permanência do Gabriel: quem tem cargo, tem medo!

Tiago sinalizou uma equipe mais ofensiva contra o Coritiba, e mesmo com Gabriel em campo, cumpriu. Ofensividade também é postura. É possível ser ofensivo com 3 volantes em campo. É possível ser defensivo com 1 volante em campo. Isso já era uma realidade com Carille e será uma realidade com Tiago. Gabriel é quem está mantendo a saúde mental de Tiago Nunes em dia. Ele não vai sair do time tão cedo aparentemente. Se ontem, com um a mais em campo, não saiu imediatamente para a entrada de um meio-campista mais ofensivo, é porque seguirá dando segurança para a parte defensiva do time, encontrando a essência pura da palavra EQUILÍBRIO. O Gabriel tem feito o jogo sujo de contribuir para o time tomar poucos gols, e isso é assim desde a volta da pandemia. O time de Camacho e Cantillo era um buraco na frente da zaga, o time de Gabriel + segundo volante, é outro. E em números, isso também fica claro.

Na cabeça de Tiago, a entrada de um “Éderson” imediatamente após a expulsão de Yan Sasse do Coritiba, não tornaria o time um monstro ofensivo, e mais, ficaria muito mais exposto pela falta de cobertura rápida que o Gabriel tem como característica.

Ainda havia muito tempo de jogo para que a vontade de ganhar entrasse no “modo desespero”. Com um jogador a mais, ainda havia tempo para avançar o time, mesmo com os mesmos jogadores em campo, e pressionar o Coxa, sem correr tantos riscos.

E se Tiago cumpriu a ofensividade em jogos pontuais conforme prometido em sua última entrevista, já em sua primeira partida após tal declaração? Com 3 gols de atacantes, entrada de Léo Natel e Araos desde o início do jogo e postura diferente sob o Coritiba, a resposta é: SIM. Mesmo com Ramiro e Gabriel no time titular a resposta continua sendo a mesma? Sim, a resposta continua sendo a mesma. Tiago já entendeu a pressão que é trabalhar no Corinthians, ganhou 3 pontos mesmo com Gabriel e Ramiro em Campo. Cautela tem sido seu sobrenome? Talvez. Mas se quer ter tempo de trabalho, entendeu que precisa parar de perder pontos fáceis, como foi no Paulistão.

Tomou um empate que poderia ter dificultado o jogo, mesmo com ambos “defensivos” em campo, pois Sidcley ainda precisa de Uber para fazer a recomposição defensiva. Enquanto o time não entende 100% seu método de trabalho, não cria inúmeras chances de gol por jogo, e prova maior qualidade ofensiva do que foi até aqui em 2020, Tiago prefere pecar pelo excesso e ganhar sobrevida, semana a semana. Como fizeram Mano, Tite e Carille.

Que tal dar tempo ao Tiago?

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