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O que faltou ? Ser Corinthians

Tiago Zambroni

O Corinthians foi derrotado pelo Always Ready na estreia da Libertadores, pelo placar de 2 a 0 na cidade de La Paz, capital da Bolívia.

Foto: Manuel Claure/Reuters
Foto: Manuel Claure/Reuters

Mas o que fica para o torcedor corinthiano é um total sentimento de impotência, visto o que a equipe não conseguiu apresentar durante os 90 minutos, mais acréscimos.

O Corinthians não conseguiu apresentar absolutamente nada.

Mais do que isso, faltou aquilo que nunca nunca faltou nem nos momentos mais difíceis: A conhecida raça.

Perder faz parte do jogo, a derrota é inerente ao futebol.

O que não é inerente ao futebol é a ausência completa de alma, sentimento, emoção ou olhar para as arquibancadas do Hernando Siles e enxergar um torcedor que passou por diversas dificuldades para poder chegar ali.

Além disso,a derrota para o Always Ready escancara um pouco mais do que simples problemas táticos ,desentrosamento do elenco e outras questões referentes à parte prática do jogo.

Não está sendo Corinthians

O Corinthians não vem sendo o Corinthians, como foi em 77, como foi na época da democracia corinthiana, como foi em 1988, com gol de carrinho de Viola, como foi em 1990 com um time limitado e desacreditado por todos e mesmo assim, conseguiu ser campeão brasileiro em cima do poderoso São Paulo, que na sequência seria bicampeão mundial e da Libertadores.

O Corinthians não vem sendo o Corinthians como foi 95, com Marcelinho Carioca e a sua famosa frase sobre “ralar o short no chão”

Esse Corinthians não tem sido Corinthians, como foi em 2005 com Tevez dando carrinho na linha de fundo mesmo sendo um atacante extremamente talentoso (e indignado).

O Coritnhians não vem sendo o Corinthians, como foi em 2007, quando no pior ano da sua história e que terminou rebaixado, pelo menos lutava.

Contudo, o que faltava para aquele time era técnica mesmo. Faltava bola.

E não, não se trata de enaltecer times ruins ou exaltar jogadores limitados.

Trata-se de entender o que é o Corinthians, trata-se de respeitar o sentimento do torcedor corinthiano, forjado na periferia e forjado nas dificuldades.

Elenco rodado, e?

Muitos jogadores deste elenco têm carreiras internacionais consagradas, sabemos disso.

Participações em Copas do Mundo, em grandes equipes, um grandes conquistas e inclusive conquistas vestindo a própria camisa do Alvinegro.

Como esquecer que Cássio, Paulinho e Fábio Santos, por exemplo, estiveram naquele elenco de 2012 que levou o Corinthians ao título invicto dessa mesma a Libertadores sob o comando de Tite.

Esse mesmo Paulinho, que hoje pouco ou nada mostra, é o mesmo Paulinho que subiu mais do que toda a zaga do Vasco para fazer aquele gol milagroso no Pacaemb, em disputa das quartas de final da Libertadores da América há 10 anos atrás.

Esse mesmo Corinthians esteve no Equador, contra tudo e contra todos, contra arbitragem, contra o time do Emelec ,contra o caldeirão do George Capwell.

Mesmo assim, conseguiu sair de lá com zero a zero heróico, fazendo 3 a 0 com sobras no Pacaembu na frente da fiel torcida.

Esses mesmos jogadores sabem como enfrentar La Bombonera.

Coisa que farão esse ano novamente, alías.

Esses mesmos jogadores viram um garoto saído do interior, de nome Romarinho, dar uma cavadinha por sobre o goleiro Orion e calar uma La Bombonera toda.

Isso quando o Boca Júniors, papão de Libertadores, já vencia o jogo por 1 a 0, faltando poucos minutos para terminar a partida.

Muitos conhecem o Corinthians

E esses mesmos jogadores também estiveram em Tóquio, no mesmo ano de 2012, jogando contra o todo poderoso Chelsea campeão da Champions League e venceram por 1 a 0 no gol que esbanjou não só a raça habitual, como muita categoria.

Nesse sentido, como não se lembrar de Danilo limpando a jogada dividindo e batendo.

A bola subindo e sobrando na cabeça de Paulo Guerrero, que subiu e fez o gol da vitória.

Aliás, nada mais simbólico para o corinthiano do que ter um jogador de nome Guerrero fazendo gol tão importante como aquele.

O Corinthians precisa entender o que a Corinthians e isso não pode demorar.

No próximo jogo,por exemplo, diante do Botafogo, na estreia pelo Brasileirão, domingo no Engenhão, essa vontade e esse entendimento já precisam ser aparentes.

Mesmo que isso seja tão difícil de imaginar faltando tão pouco tempo para esse jogo.

Mas, se esse elenco não entender agora tudo que está sendo falado nessas linhas, dificilmente o Corinthians conseguirá êxito.

Seja com Vítor Pereira, Sylvinho, Josep Guardiola, Fernando Lázaro ou qualquer outro treinador do mundo.

A culpa não é só do treinador, que também erra e que também é inerente ao futebol, mas o elenco já precisa ser olhado de outra forma.

Ano perdido ?

Vencer com a força de 49 mil torcedores da Neo química Arena não é missão das mais difíceis. Times piores já conseguiram esse feito. A fiel empurra, certo?

Difícil é entender o que muitos daqueles 49 mil fizeram para chegar até ali e apoiá-los, mesmo nos piores momentos.

No entanto, o ano está passando.

Um campeonato já se foi, outro está apenas um começo e temos outros dois para começar.

Por fim, se o Corinthians não entender agora o que é Corinthians, aí sim pode-se considerar 2022 um ano perdido.

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