Os técnicos portugueses são realidade no Brasil desde a passagem avassaladora de Jorge Jesus em 2019 à frente do Flamengo.
Que os trabalhos tanto de JJ, quanto de Abel Ferreira no Palmeiras são bem sucedidos, também é de conhecimento de todos.
Porém, o que ninguém sabe, ou sabe mas não confirma, ou não confirma por qualquer que seja o motivo, é porque é tão difícil para alguns setores reconhecer o trabalho destes profissionais.
Na verdade, é mais fácil jogar pedras nos portugueses do que apenas constatar o óbvio.
Os trabalhos são excelentes e trazem/trouxeram resultados.
O Corinthians anunciou recentemente seu técnico português Vitor Pereira e mesmo com pouco tempo de trabalho, já começou a apresentar seus métodos diferentes dos convencionais.
Algumas destas mudanças já podem ser vistas a olho nu, mas é muito mais fácil desprezar tais mudanças do que dar o devido crédito ao lusitano.
Na goleada frente à Ponte Preta, por exemplo, houve quem dissesse que nada mudou no time desde a saída de Sylvinho, ou exaltando um suposto “legado” do ex-treinador.
Horas, mas se o trabalho do antecessor era bom, então porque trocá-lo?
Ou talvez seja mais fácil atribuir à fragilidade do adversário a goleada corinthiana, tirando dessa forma, todo e qualquer mérito de Vitor Pereira e sua comissão técnica.
Perseguição aos portugueses?
Se no caso de VP, as coisas ainda ficam apenas no campo tático, com relação a Abel Ferreira, do arquirrival Palmeiras, as críticas saem da esfera esportiva e avançam para o lado pessoal.
Recentemente, o comentarista e ex-jogador do Timão, Neto, resolveu colocar a mãe do treinador em sua crítica a uma coletiva pós-jogo do treinador durante o programa “Os donos da bola”.
A repercussão negativa foi imediata, mas sem maiores problemas para Neto.
Já nesta semana, o comentarista da Rádio Transamérica, Paulo Roberto Martins, novamente atacou o lado pessoal do treinador palestrino e dessa vez, a repercussão atingiu diretamente o profissional.
O clube de Abel então decidiu cortar relações com o veículo enquanto Martins lá estivesse.
A Rádio resolveu desligá-lo após o comunicado do Palmeiras.
Ao ser questionado sobre o tema, Roger afirmou “Não concordar com essa “bacalhoada” para resolver o problema”.
A questão principal é: Resolver o problema criado por quem, Roger?
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Os portugueses sem papas na língua
Desde a época de Jorge Jesus no rubro-negro carioca, um fator ficou bem claro: Os portugueses não são nada ortodoxos.
Muito pelo contrário.
São contundentes em suas entrevistas, detalhistas no que diz respeito à parte tática, demonstram preocupação com o estudo do adversário, com cada movimento que acontece em campo.
Não usam a camiseta do “super-pai” ou do boleirão, estilos que há muito tempo habitavam no Brasil.
Esse estilo diferente causa certa repulsa em quem está acostumado com festas e frases prontas em coletivas.
Nada de chavões.
Para o torcedor se torna um banquete, pois os portugueses “vão pra cima” e não se escondem quando colocados em saias-justas.
E talvez seja justamente isso que causa essa confusão mental em comentaristas e treinadores brasileiros.
Eles têm resposta para tudo, e não são respostas ensaiadas ou engraçadas.
Vão na ferida.
E além de tudo isso, são competentes.
Hora de um mea culpa por parte dos especialistas brasileiros ou a arrogância de achar que inventou o futebol vai continuar falando mais alto?
O tempo dirá.