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Sobre o Corinthians, os miúdos e as escolhas

Beatriz Maineti

Jogar contra o Fluminense com o time reserva do reserva era inevitável para o Corinthians. Considerando as circunstâncias que cercavam o time, portanto, a escalação não foi exatamente uma surpresa. Porém, o que houve dentro do Maracanã, de fato, foi. Um time desorganizado, desarmonioso, parcialmente quebrado e sem ritmo enfrentou uma equipe que vive o oposto. Esta, consequentemente, foi a péssima surpresa da tarde.

Corinthians joga mal com time para lá de alternativo e cai na tabela
Vitor Pereira analisa o jogo entre Fluminense e Corinthians do banco de reservas. (Foto: Agência Corinthians)

O Corinthians de Vitor Pereira precisava se poupar. Um resultado controverso dentro de casa contra o Boca Juniors ocasionou uma mudança de planos. Entretanto, sem opções, Vitor Pereira já pensava na viagem para Buenos Aires enquanto embarcava para o Rio de Janeiro. Mas faltou, neste caso, a balancear a necessidade de economia de energia e esforços com a importância de um campeonato.

Miúdos que o Corinthians não conhecia

Entenda: usar os jogadores da base e os reservas pouco utilizados era imprescindível. Para o Timão, portanto, não havia outra alternativa. Os jogadores principais precisavam se preparar para uma longa viagem para aquele que, neste momento, é o jogo mais importante do ano. Isso sem contar, entretanto, a dificuldade da partida contra o Boca Juniors. Porém, um torcedor menos atento precisou pesquisar alguns nomes escalados no Rio.

E isso, portanto, é normal. Falamos de uma equipe que nunca havia atuado junto. Algumas peças se conheciam, mas outras foram apresentadas pouco antes. Nisso, na minha opinião, mora o principal erro deste Corinthians. Justamente por ser inevitável que isso acontecesse, era também inevitável fazer estes atletas jogarem juntos anteriormente. Uma entrada aqui e outra ali em jogos de menor importância poderia ter evitado o vexame interestadual.

Consequentemente, sem entrosamento, é possível dizer que o Corinthians não jogou junto. Foram sequências mal aproveitadas em jogadas mal construídas, com pouca técnica e muita desorganização. Além disso, faltou no meio de campo um jogador de mais experiência que pudesse conter quando necessário e atacar quando possível. Faltou experiência em meio às novidades.

A necessidade superou a oportunidade

O time do Corinthians parecia uma peneira aberta no campo arado. Em consequência a sua desorganização, foi fácil para o Fluminense aproveitar-se dos espaços deixados. Embora não tenham sido todos novidades, os jogadores estavam aprendendo a conviver no time profissional. Afinal, ser colocado em um Maracanã lotado conhecendo pouco dos seus companheiros deve ser uma missão árdua.

Porém, não pode-se dizer que não faltou vontade dos garotos para fazer dar certo. Afinal, todos os jogadores em campo buscavam uma chance de se firmar com Vitor Pereira. De experiência em campo, Júnior Moraes, Bruno Mendez e Cássio davam o tom. Com a exceção do goleiro, os dois “veteranos” tinham o mesmo objetivo. Porém, é justo dizer que o esquema de jogo não os favorecia.

Com pouca organização do meio de campo, o Corinthians não conseguiu seguir a pressão no campo de ataque que VP pede. Consequentemente, tornava-se vulnerável do meio para trás e os zagueiros, desamparados, não tinham muitas alternativas. A ideia era impedir o gol a todo o custo, mas o pouco conhecimento conjunto bloqueou a missão. No ataque, não há muito o que analisar: sem organização, não há criação. Sem criação, não há ataque objetivo. Fim.

O vexame do Corinthians que vira aprendizado

Vitor Pereira se prova diferente de seus companheiros de trabalho brasileiros por sua honestidade – para o bem e para o mal. Afinal, não é qualquer um que, depois de um quatro a zero vergonhoso antes de uma decisão, joga a culpa no próprio peito. Vitor é um homem de verdades e um treinador honrado com seus jogadores. Seria fácil para ele fugir pela tangente, mas ele optou pelo caminho mais duro: assumir toda a responsabilidade.

E ele, portanto, fez o certo. Assim sendo, Vitor Pereira assumiu o risco total de utilizar o time reserva do reserva no Campeonato Brasileiro. Talvez ter um nome de referência no meio de campo para comandar o time tivesse poupado o placar elástico. Ou, quem sabe, ter utilizado estes novos miúdos antes de levá-los ao Rio de Janeiro. Não sei dizer. Agora, parece fácil apontar os erros.

A questão é que, portanto, equivocado ou não, este foi o caminho adotado por Vitor Pereira. Suas consequências foram, portanto, as dúvidas plantadas antes de um jogo importantíssimo e a queda na tabela. Nada que não seja reversível. Porém, há uma lição a ser tirada disso: será preciso escolher mais vezes. Agora, pelo menos, VP sabe onde mexer ou não. A cabeça está na Bombonera. O Brasileiro pode esperar?

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