Nas escrituras, 23 de maio de 2012 marcava o dia em que o Corinthians tentaria alcançar as semifinais da Libertadores da América após doze anos de ausência.
O cenário: O Pacaembu, a saudosa maloca, a então casa corinthiana.
O adversário: O Vasco da Gama, que uma semana antes, não conseguiu transpor a barreira defensiva de Tite.
O empate sem gols levaria a partida para os pênaltis, mas um gol do Vasco e tudo se tornaria mais difícil.
O gol qualificado poderia colocar o Corinthians em maus lençóis.
Ele quase veio, no entanto, ainda não é hora de falar desse lance.
Primeiro Tempo: Estudo e poucas chances
Nesse sentido, o equilíbrio de São Januário cruzou a Via Dutra e parou na capital paulista.
Foi ele que ditou o ritmo do primeiro tempo, onde Juninho arriscava de lá, Alex de cá, e os goleiros mostravam segurança nas perigosas bolas paradas de ambos os lados.
Chance de gol, apenas aos 19 minutos, quando em um bate-rebate na área, Sheik foi travado por Fagner (ele mesmo) e a bola se perdeu pela linha de fundo.
Aos 31, Danilo, sempre acompanhado do mais puro sossego do interior de Goiás, limpou o lance e cruzou para Paulinho ensaiar aquele que seria o lance decisivo da partida.
Cabeçada firme e defesa de Fernando Prass.
Ainda houve tempo para Eder Luiz e Jorge Henrique se estranharem e levarem o cartão amarelo, mas o primeiro tempo foi mesmo embora sem gols.
Segundo tempo: o Corinthians, o gigante e o predestinado
Histórias boas têm bons roteiros, e a expulsão de Tite, no início do segundo tempo faz parte desse.
O treinador se juntou a Edu Gaspar nas numeradas do Pacaembú e ali ficou, gritando o tempo todo.
Ajudado pelo companheiro, pelos torcedores e por quem mais quisesse curtir um dia de auxiliar técnico do treinador corinthiano.
Aos 17 minutos, todo e qualquer alvinegro, ateu ou adepto de qualquer religião, apelou por um milagre de São Jorge.
Era uma falta lateral, Alex joga para a área, Prass rebate, a bola fica com Alessandro que tenta recolocar a bola na área, mas…
Diego Souza intercepta, a bola corre, Diego alcança, parte sozinho para o gol.
O corinthiano só tem Cássio e São Jorge para defendê-lo.
7 segundos foi o tempo que durou a arrancada do atacante vascaíno.
Justamente o mesmo tempo que durou a confusão na área da Ponte Preta e que culminou no gol de Basílio.
7 segundos jogaram a favor do Corinthians em 1977 não iriam jogar contra em 2012.
Não, não iriam, porque a fiel pode testemunhar in loco a transformação de um terceiro goleiro que ninguém conhecia em gigante.
O Gigante Cássio, do alto dos seus 1,96cm, com a pontinha dos dedos, como narrou José Silvério naquela noite de Maio, impediu o gol cruzmaltino.
Diego perdeu, como perderia outras vezes, por outros clubes, em anos posteriores.
Parou em Cássio.
Tudo parava em Cássio.
São Jorge 1, São Januário 0.
Acabou? Não.
No escanteio, Nilton coloca a bola no travessão.
Calma que tem jogo!
Depois de momentos de terror, o Corinthians consegui acalmar e por a bola no chão.
Contudo, aos 31, Emerson, de novo ele, colocou uma bola na trave direita de Prass.
Dessa forma, o jogo continuou equilibrado, como todos os minutos anteriores do Rio de Janeiro e de São Paulo, nada de gols, apesar do milagre de São Cássio.
No entanto, pênaltis não era uma ideia bem recebida pelos corinthianos, pelo histórico e pelo sucesso do Vasco diante do Lanús na marca da cal.
Não, ainda dava.
42 minutos do segundo tempo, escanteio pela esquerda, Alex bate com o veneno de sempre, Paulinho sobe mais que todo mundo e marca.
Ele corre e como se tivesse um ímã no corpo, atrai todos os reservas para si.
Além disso, ajoelha, grita, sobe no alambrado.
Onde encontra Lucas Perassollo, o torcedor que o abraçou representando toda a fiel torcida no Pacaembu e em todo o mundo.
Tite vibra, a fiel chora, o time se fecha, um gol do Vasco, naquela altura do jogo seria fatal.
Em um dos poucos erros cometidos por Cássio, por exemplo, uma saída ruim do gol e Rômulo cabeceia para fora, aos 44 minutos.
Mas estava escrito.
Estava tudo no roteiro daquela Libertadores.
O Corinthians estava nas semifinais.
E enfrentaria o Santos, atual campeão do torneio.
Era a vez de Neymar, Ganso e companhia, conhecerem a força de um time predestinado.
Fica para outro dia.
Hoje, 23 de maio, é dia de exaltar Cássio, Paulinho, Tite e seu exército de guerreiros trajados de preto e branco.
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