Confira tudo sobre a quase tragédia de 1996
Em busca de uma classificação heróica, o Corinthians joga hoje uma partida dramática contra o Independiente Del Valle.
Mas sufoco nenhum se compara ao vivido pelo Timão em outra viagem ao Equador, no dia 1º de maio de 1996.
A vitória por 3 a 1 sobre o Espoli, pelas oitavas de final da Libertadores, seria apenas um detalhe nas manchetes dos jornais.
A grande atuação de Marcelinho pouco significava diante do que por pouco não se tornou a maior tragédia da história do Corinthians.
A delegação voltaria de Quito em voo fretado da empresa Fly Linhas Aéreas. Os jogadores já haviam notado as aparentes más condições da aeronave.
Além disso, a pista molhada, e as horas de espera pela autorização do plano de voo faziam crescer o clima de tensão a bordo.
O avião enfim acelerou para deixar o aeroporto Mariscal Sucre, mas, quase no fim da pista, o comandante avaliou que a velocidade atingida era insuficiente e decidiu abortar a decolagem com uma freada brusca.
A manobra não foi suficiente para evitar que o Boeing 727 derrubasse um muro de proteção e fosse parar na avenida em frente ao aeroporto. A asa direita pegou fogo, assim como uma das turbinas. O pânico era total.
Jogadores, dirigentes, jornalistas e tripulantes escapavam da forma que podiam em meio à nuvem de fumaça.
Resgate de Junior na quase tragédia de 1996
Enquanto isso, uma situação particularmente tensa se desenrolava nos fundos da aeronave.
Pesando mais de 200kg, um torcedor conhecido como Junior ficou preso em uma das saídas de emergência.
Apesar dos apelos de uma comissária, que alertava para o risco de explosão, Edmundo e Marcelinho faziam de tudo para socorrê-lo. Os gritos e as preces tomavam conta do ambiente.
No fim das contas, foram Paulo Eduardo Romano, o “Jamelão”, presidente da Gaviões da Fiel, e Paulo Roberto Perondi, segurança do clube, os responsáveis pelo salvamento de Junior.
“Eles merecem uma estátua no Parque São Jorge”, declarou o volante Bernardo.
Traumatizados, membros da delegação se recusavam a embarcar em outro voo naquela noite. Foi Edmundo quem convenceu o grupo a voltar imediatamente para São Paulo.
No desembarque, abraços, lágrimas e alívio – apesar do enorme susto, ninguém se feriu gravemente.
“Voltamos bem, mas da próxima vez que o time for para Quito, se depender de mim, vamos de ônibus”, brincou Tupãzinho, que sofreu queimaduras leves. Felizmente, não é o caso hoje.
Contra o Del Valle, o desejo é que a viagem fique marcada apenas pelo heroísmo nas quatro linhas.