Aviso de Cookies

Em entrevista, zagueiro Raul conta sobre sua carreira e sua trajetória no Corinthians

Henrique Manfio

O zagueiro Raul Gustavo vem se destacando nos últimos jogos do Corinthians. Formado pela base do clube, o defensor de 22 anos concedeu entrevista ao GE, e falou sobre a sua carreira.

identidade corinthiana idc foto rodrigo coca ag corinthians garotos do terrao jogam bem e timao vence por 2 x 0 copia
Raul comemorando seu primeiro gol como profissional (Foto: Agência Corinthians)

Raul fez seu primeiro gol como profissional no último domingo em vitória contra o Santos na Vila Belmiro, fato que não ocorria há 7 anos. Na comemoração, ele homenageou a irmã, que faleceu em julho do ano passado. O atleta chegou com 20 anos ao elenco sub-20 do Corinthians, indo logo em sequência para o time de aspirantes. Ele também foi emprestado à Inter de Limeira para a disputa do último Paulistão. Confira os destaques da entrevista abaixo.

Início no futebol

“Comecei a jogar aos oito anos no salão, minha família sempre me apoiou. Passei pelas escolinhas de base do Atlético-MG aos 12 anos, mas foi muito rápido. Aí fiz testes, no América-MG fui reprovado, fiz no Novorizontino, depois fiz no Atlético-GO. Futebol é muito difícil, minha família não tinha tantas condições para me manter, então teve time que fui aprovado e não tive condições de ficar.

Aí fui jogar futebol amador. Joguei bons campeonatos da várzea, me sentia bem também, mas um pouco frustrado. Eu queria dar resposta para minha família, que sempre foi carente e fez tudo por mim. Pensei em parar de jogar, meu avô é prova disso, até trabalhei fora do futebol. Mas as coisas começaram a fluir, encontrei a Soccer Trainer (centro de preparação de atletas), que me ajudou a chegar onde estou hoje. Com eles, disputei o Campeonato Mineiro no Serranense e me destaquei.

Lá pude me profissionalizar e depois fui para a Europa jogar na Croácia. Amadureci muito como atleta e como pessoa, fiquei lá um ano. E aí vim para o Corinthians, foi uma escolha minha e dos meus empresários. Lá eu era profissional e aqui era para jogar no sub-20, mas topei porque era um time que eu já pensava em jogar, via na televisão, acompanhava e gostava, um time difícil de ser batido.”

-disse Raul.

Agressão ao goleiro do Flamengo

“Na vida a gente aprende com os erros. Eu amadureci, foi uma fatalidade de jogo, um clássico, molecada não quer perder. Eu perdi a cabeça e acabei agredindo o Hugo. Em sequência mandei mensagem para ele pedindo perdão. Não é da minha índole violência, não é porque sou zagueiro e que chego firme na bola que vou ter intenção de agredir meu adversário. Foi muito importante lidar com essa situação. Foi um amadurecimento, de não cometer mais esse erro, de aprender com ele. Não sou de violência, não sou de briga, é página virada, agora é jogar futebol e alegrar o torcedor do Corinthians.”

-falou o atleta.

Posição

“Joguei de lateral-esquerdo por muito tempo quando era moleque por ter velocidade e facilidade de chegar ao ataque. Fui ganhando estatura, na Europa amadureci muito e por ser forte e alto me colocaram na zaga e me senti confortável na posição. Hoje, é onde prefiro jogar, tenho visão maior do campo. Zagueiro é minha primeira opção, mas já fui lateral também. Foi no Serranense-MG que virei zagueiro. Já tinha jogado quando era novo, mas não gostava, queria chegar na frente. Aí amadureci e entendi que poderia ser um grande zagueiro.”

-assegurou o defensor.

Amadurecimento com o elenco

“No dia a dia com nosso elenco eu amadureci muito aqui, o Corinthians tem a melhor estrutura para mim. Tem aquele ditado que Deus ajuda quem trabalha, e sempre dei meu melhor, procurei meu espaço, sempre quero jogar, claro que respeitando todo mundo e com os pés no chão. Mas trabalho muito para, quando a oportunidade chegar, estar preparado. Não é sempre que você tem a oportunidade de treinar com jogadores referências, como é o Gil para mim. Procuro fazer o que eles fazem, eu pergunto o que tenho dúvidas, eles chegam e me ajudam também. Estou muito feliz e me sinto muito confortável nesta situação. Contar com grandes jogadores e grandes pessoas que me passam tranquilidade para treinar no dia a dia. Me sinto feliz.”

Relação com a Irmã

“Eu e minha irmã tínhamos os melhores momentos, como é com meus outros irmãos. Como era a mais velha e tínhamos pais diferentes, era para sermos distantes, mas não era, ela vivia dentro lá de casa. Eu tinha confiança nela de contar segredo, em falar como eu me sentia, as coisas que aprontava na escola, ela me dava conselhos bons, era boa conselheira. Foi mãe nova, me deixou uma sobrinha (Nicole), então tinha mais amadurecimento para dar dicas e conselhos. Por isso para mim foi uma perda grande de saber com quem posso contar. Isso me faz muita falta.”

-confessou o zagueiro.

Camisa em homenagem à irmã

“Fiz não tem muito tempo, mas do primeiro jogo do profissional contra o Bahia eu já estava com ela (28 de janeiro). Eu ia fazer bem no começo da perda, mas a família desmoronou muito, tive muitos pensamentos negativos também. Mas fui amadurecendo, me conformando um pouco e vi que pelo futebol eu me sentiria alegre de novo. E aí fiz a camisa, foi uma das melhores cosias que fiz. Quando entro no vestiário e vejo a camisa dela, fico muito feliz. Realizo um sonho que não é só meu, mas da minha família e principalmente dela, que sempre falava de mim. Me senti muito abraçado por eles (jogadores), me tratam como família. Alguns jogadores chegaram em mim, perguntaram se me sinto à vontade de falar, de me abrir. Outros ficaram quietos, entendem o momento. Mas me dizem que ela deve estar muito feliz por eu estar realizando o sonho dela, que posso sempre contar com eles. Isso me fortalece, saber que posso contar com o grupo e me sentir abraçado.”

-completou o jogador.

LEIA TAMBÉM: Saudosa Maloca: Pacaembu completa 81 anos

https://www.youtube.com/watch?v=kJ0ltDja6So
https://identidadecorinthiana.com/jogos/proximo-jogo-corinthians-penarol-copa-sul-americana/

Deixe um comentário