Aviso de Cookies

O Corinthians entrou para ganhar

Beatriz Maineti

Updated on:

O jogo conturbado entre Internacional e Corinthians no último sábado pode até ter terminado empatado, mas foi importante para o Timão. Mesmo jogando fora de casa em campo “hostil”, considerando o ímpeto da torcida colorada, o Corinthians demonstrou força e entrou para ganhar a partida. Independente do resultado final, o jogo pelo Campeonato Brasileiro foi o símbolo da virada do pensamento corinthiano.

Corinthians faz bom jogo mas, em jogo de atuações individuais apagadas, fica no empate com o Internacional
Raul Gustavo comemora gol “profetizado” em Internacional x Corinthians (Foto: Agência Corinthians)

Mais acuado no primeiro tempo, o Corinthians sofreu com as jogadas trabalhadas do Internacional, mas não demorou a encontrar seu espaço no campo. Com mudanças precisas e pontuais nos 11 jogadores iniciais, Vitor Pereira conseguiu dar mais velocidade ao time sem perder intensidade. Porém, apesar do bom entrosamento, a equipe sofreu com noites ruins de peças individuais e precisou, por duas vezes, correr atrás do resultado.

O famoso “poder de reação” do Corinthians

No início da temporada, ainda antes da chegada de Vitor Pereira, o Corinthians não fugia de uma premissa infeliz. Caso saísse atrás no placar em qualquer partida que fosse, raramente conseguiria revertê-lo. Ontem, entretanto, o time coroou o trabalho feito pelo técnico português neste aspecto. Ainda no início do primeiro tempo, em um erro individual da zaga corinthiana, o Internacional abriu o placar. Porém, poucos minutos depois, o Timão empatou.

O curioso neste caso é ressaltar que o responsável pelo “erro” na defesa foi também o responsável pelo empate. Raul Gustavo não fez uma boa partida e, em irregularidade anormal, prejudicou as jogadas defensivas. Pouco atento e mal posicionado, sua rapidez não encontrou sinergia com a calma de Gil, e ambos pareciam perdidos na linha de trás. Porém, foi dele, afinal, o gol de empate – como havia profetizado horas antes nas redes sociais.

Antes do fim da primeira etapa, mais uma vez em erros individuais, o Internacional encontrou sua virada. O Timão deu muito espaço para que o Inter buscasse a jogada ideal e, numa cabeçada com ótima defesa de Cássio, o rebote não o escapou. Entretanto, ao ler a partida, Vitor Pereira entendeu que o jogo se desenhava da forma como o atacante Jô gosta. Com outra cara, o Corinthians encontrou uma boa estratégia e Jô empatou.

Veja mais notícias do Timão
Corinthians emite nota sobre caso Rafael Ramos

Próximo jogo

O que aconteceu depois do empate do Corinthians

Porém, logo após o embate, o Corinthians assumiu o controle quase total do jogo. Com Jô comandando a cabeça de área, o Timão criou mais, aproveitou os contrataques e, com alternativas às jogadas de velocidade, levou mais perigo ao gol de Daniel. É importante ressaltar, entretanto, que vitória era possível na partida de ontem. Principalmente no segundo tempo. Grande parte do mérito pelo empate colorado é do próprio Daniel.

Com mais intensidade e jogadas mais bem trabalhadas, o Corinthians conseguiu, enfim, encontrar o futebol que vinha apresentando anteriormente. O meio de campo participou mais da criação com a entrada de Cantillo. Renato Augusto, que viveu noite apagada, foi substituído na hora certa. Tudo isso aconteceu, entretanto, graças as mudanças realizadas no ataque, embora elas tenham demorado a acontecer.

As mudanças do professor

Vitor Pereira atuou contra o Internacional sem perder sua principal essência: a imprevisibilidade. Com time quase igual àquele que enfrentou o Red Bull Bragantino uma semana antes, o técnico buscou uma defesa sólida e ataque objetivo. Entretanto, ontem, VP não conseguiu exatamente aquilo que esperava. Justamente por isso, ao longo do primeiro tempo e no início do segundo, trabalhou em mudanças internas sem substituir.

Ele demorou, mas trouxe maior mobilidade ao ataque Corinthiano com Jô, logo após o intervalo, e com Cantillo. Este último, apesar da ser mais lento que os companheiros, é extremamente útil em jogadas pensadas. E esta, portanto, foi a estratégia aplicada pelo Corinthians na segunda etapa. Entretanto, ainda sem Fagner, Rafael Ramos não fez uma boa partida e prejudicou as jogadas pela direita – canto mais utilizado no primeiro tempo.

Sua substituição foi tardia e muito poderia ter evitado. Mas não cabe a este texto falar sobre os demais acontecimentos. Cabe a ele, porém, esperar apuração. No que diz respeito ao futebol, o lateral fez uma partida abaixo daquilo que já apresentou. Vitor Pereira lançou o jogador para apostar na velocidade com Gustavo Silva, e de quebra conseguiu mais movimentação pela direita. Porém, é justo dizer que Gustavo também não fez bom jogo.

Bom para o coletivo, ruim para o individual

Muito se fala sobre a importância da manter o coletivo acima do individual. Porém, é inegável que o individual é parte importante do coletivo. Ontem, entretanto, o Corinthians não pôde contar com as habilidades de seus grandes nomes, como Renato Augusto, Roger Guedes e Willian. É importante frisar que suas atuações não foram ruins, apenas apagadas. Mas jogadores como eles são capazes de ditar juntos um ritmo para a equipe.

Além deles, Rafael Ramos não facilitou a mobilidade do time pela direita, e Gustavo Mantuan também não correspondeu. Mantuan, inclusive, se tornou uma das opções preferidas do técnico Vitor Pereira, principalmente por sua velocidade. Mas pouco tem entregado no que diz respeito a finalizações de jogadas – seja arriscando para o gol ou buscando alternativas dentro da área.

Na defesa, Raul Gustavo e Gil ainda não encontraram juntos a melhor forma de combinarem seus trejeitos individuais. Raul, que deu significado positivo ao termo “afobado”, tem dificuldades em harmonizar sua pressa com a calma de Gil. O experiente zagueiro prefere pensar suas jogadas e usar o adversário contra ele próprio, mas também não consegue se ajeitar com a pressa do parceiro. O curioso é que, para os dois jogadores, é fácil de combinar com João Victor.

Próxima parada, La Bombonera

O Corinthians já pensava na partida contra o Boca Juniors, pela fase de grupos da CONMEBOL Libertadores, desde antes da partida contra o Internacional. A escalação e as mudanças de Vitor Pereira comprovam isso. Era preciso poupar, já que o grande “clássico internacional” estava virando a esquina. Neste momento, o Corinthians já está na Argentina e busca, contra o rival, carimbar sua classificação na competição.

O pensamento neste momento já deve ser outro. Mas é impossível não pensar o que teria acontecido se Jô tivesse entrado antes. Ou até cogitar se o placar teria sido outro se tantos passes não tivessem sido perdidos e tantos cruzamentos desperdiçados. Afinal, o Corinthians entrou na sexta rodada do Campeonato Brasileiro com a marca de seis jogos sem ter sua defesa vazada. Só ontem, foram duas bolas nas redes corinthianas.

O jogo era difícil e foi muito bem jogado. O Corinthians “soube sofrer”, como gostam de dizer, e buscou o resultado favorável. Afinal, em um campeonato de pontos corridos tão extenso, um ponto somado nas primeiras rodadas fará muita diferença ao longo da competição. Agora, o Timão tem 12 pontos e pode comemorar o bom jogo feito. O Corinthians entrou para ganhar, mas não trouxe os três pontos para casa.

Isso acontece. O futebol é isso. Nem sempre o time que melhor se apresenta leva a vitória. É verdade, porém, que o Internacional foi forte resistência à boa campanha corinthiana. O time colorado deu trabalho. Mas eles só serão revisitados pelo Corinthians no segundo turno. É hora de virar a chave e focar nos desafios que se aproximam. Mas é impossível não pensar: e se…?

Deixe um comentário