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Seria tão ruim trazer 1 ponto do Morumbi?

Bruno Dookie

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Foto: Divulgação

Acho compreensível a gana de Tiago Nunes. Se tem algo que não se pode criticar até aqui, é a vontade de fazer seu trabalho prevalecer e de fazer acontecer o jogo que acredita ser o melhor para a sua equipe. Testa, testa, testa e testa de novo. Tiago testa até demais.

E às vezes esse exagero de sede ao pote me soa como falta de tato e excesso de inexperiência em dois pontos cruciais: 1) Corinthians – 2) Profissão.

Futebol não é uma matéria exata, e a gente não pode garantir que tudo que acontece dentro das 4 linhas, seja culpa de um ou de outro. Mas futebol está sim nos detalhes e o excesso de pequenos erros podem derrubar um trabalho. Simples assim.

Me peguei pensando na fase Mano, Tite e Carille durante o segundo tempo. As alterações do Tiago foram corajosas, e eu ainda com sangue de rentranca. Não estou acostumado. São 10 anos assim, bem mais pé no chão do que outra coisa.

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Todos os citados voltariam possivelmente felizes da vida do Morumbi com o 1×1 (e se não voltassem com o empate por algum motivo, teriam feito de tudo para tal depois dos 30 min do segundo tempo).

Mas eu explico melhor a essência do que provavelmente era a base da teoria do termo “empatite”.

Os três teriam feito apenas 1 alteração até os 35 do segundo tempo, tentando virar o jogo naquele banho maria, jogo cozido e tal. Poucos espaços na defesa, pouca infiltração de pontas, volantes e meias no ataque. Tentativa tímida de virar o jogo.

Aos 36 entrariam no time, Gabriel e Piton, para as saídas de Ramiro e Jô.
Liberaria um pouco o Sidcley pra fingir que é um ponta, mas a realidade era trancar o time com 2 laterais de ofício. E jogaria com 3 volantes mesmo. Duas linhas de 4 com Luan de pivô para a ultrapassagem dos “pontas” e Mosquito ainda fazendo cobertura tripla na lateral direita. Deixar cruzar bola na área? Nem pensar!

Isso era fato que seria feito pelos 3 medrosos contentes com o resultado. (Foram poucas as vezes que tomamos gol no fim pelo modo “cagalhão”. Falhava pouco – acho que a mais clássica foi na final da Copa do Brasil 2008).

Aí a torcida ia espernear, xingá-los de retranqueiros e tudo aquilo que vocês sabem. O Casagrande depois do 1×1 ia ficar com argumentos até válidos naquele jeito dele: “é inacreditável isso, o Corinthians tem time pra ir e matar o jogo, e o cara pratica o anti-jogo, meu. Assim não dá, o técnico tem que ir pra cima”.

Mas o empate seria mau resultado?

Obviamente não, dada as circunstâncias do jogo, do cenário de Tiago e do campeonato para nós.

Se tem uma grande verdade sobre o Brasileirão, é que os jogos são nivelados. Não deixar um concorrente direto fazer 3 pontos é importante. É um caminhão de importância. Não é todo ano que você é campeão fazendo 100 pontos. Nem temos elenco para tal. Isso é utopia. Todo jogo vale muito. Ainda mais depois de perder 2 pontos em casa de um time teoricamente mais fraco, como o Fortaleza, o pontinho estava lindo demais. Quantos times irão trazer 1 ponto do Morumbi em 2020?

Tiago acreditou no seu potencial e do seu elenco. Tiago fez alterações para ganhar ou tentar ganhar o jogo. Tiago acreditou que é zica, que tem que ir pra cima, que não se fica feliz com futebol resultado, que não se aceita empate na casa do rival, que tem que ganhar 100% dos jogos. Digno de aplausos. Mas o SPFC não é o Avaí. Tudo bem que Mano, Tite e Carille não diferenciavam esses jogos. Fariam o mesmo contra Grêmio, SPFC ou CSA. E é aí que entra o erro, DOS QUATRO!…(O trio resultadista por não diferenciar o CSA de um SPFC e retrancar – Tiago por não diferenciar SPFC de CSA e ir pra cima).

Do outro lado você tem um rival, que mesmo sendo freguês, ganha seus jogos em casa. Que tem qualidade, que tem trabalho, que quer os 3 pontos. O pontinho não era um prêmio de consolação. Muito longe disso.

E a pergunta final é: valeu o risco do pontinho perdido, pela vontade extrema de achar que esse elenco é uma máquina e está voando e que poderia a todo custo trazer a vitória?

Como falei antes, legal o instinto e a coragem.

Mas e a realidade?

A realidade é que não fez nada pra fechar a casinha, trouxe pressão pra casa, mais pressão, insegurança para os jogadores, ZERO ponto, torcida tá puta, é semana do aniversário, e ainda deu 3 pontos de bandeja para um rival da tabela.

Mano, Tite e Carille, teriam uma semaninha em paz, sabiam que empate não dói como derrota, e jogariam menos pressionados na próxima rodada. Além de um ponto precioso que de grão em grão, te tira do Z4.

Tiago inicia outra semana com a batata assando.

*Texto dedicado ao Caíque Guirao.

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