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Tá na história: O Boca de Riquelme, o Corinthians de Romarinho

Tiago Zambroni

Há dez anos atrás, o Corinthians entrava em campo para decidir, pela primeira vez em sua história , a Copa Libertadores da América.

Romarinho, o talismã do Corinthians (Reprodução Internet)
Romarinho, o talismã do Corinthians (Reprodução Internet)

E que final, senhores!

A final que todo corinthiano sonhava estar, que todo não corinthiano odiava pensar que poderia existir.

Além disso, anos e anos sendo provocado, torcedores rivais, dirigentes rivais, programas de televisão, todos tiravam uma casquinha do Corinthians.

O Timão, contudo, não tinha em sua vasta galeria de troféus aquela taça.

Ou seja, aquela que já tinha as plaquinhas de todos os rivais cravadas em torno.

O Corinthians ainda não tinha a Copa Libertadores da América.

Teria chegado a hora?

O adversário

O Boca Juniors havia chegada à decisão após eliminar o bom time da Universidad de Chile, mais conhecida como “La U”.

No elenco, atletas como por exemplo, Rolando Schiavi, já experiente, Clemente Rodríguez, com passagem pelo futebol brasileiro, Pablo Mouche, que na época era tido como revelação, Santiago Silva, ex-Corinthians e Facundo Roncaglia, que jogou negociado com o futebol italiano.

Mas quem chamava a atenção era ele, Juan Román Riquelme, o craque/ídolo xeneize.

Armador, camisa 10, capitão, reverenciado pelos boquenses e pela imprensa argentina.

Román, que havia acabado com o Grêmio há alguns anos antes, saiu para a Europa, jogou Copa do Mundo e retornou para a Argentina desfrutar da sua idolatria.

Era ele que o Corinthians deveria se preocupar.

O Boca Juniors era treinado por Júlio Cesar Falcioni, que ocupava a vaga do lendário Carlos Bianchi, treinador multicampeão pelo time azul e amarelo.

Tudo isso somado à uma La Bombonera lotada de torcedores inflamados e acostumados a disputar aquela taça.

Não era o melhor Boca da história, mas era o Club Atlético Boca Juniors da mesma forma.

O jogo – Um Corinthians “cascudo”

O estudo prevaleceu durante o primeiro tempo.

O Corinthians tentava em chutes de fora da área, com Paulinho, tentava contra ataques e se defendia com muita competência.

Riquelme não se criava na defesa alvinegra.

Tinha Ralf na cabeça da área para segurá-lo.

Santiago “El Tanque” Silva arriscou uma bicicleta, que parou na defesa, e tinha endereço, mas Alessandro não deixou que ela ali chegasse.

Era um Boca limitado, mas extremamente competitivo e provocativo.

Em suma, dava para perceber que o Corinthians não entrava em pilhas desnecessárias.

Definitivamente era outro Corinthians.

Um Timão cascudo, que já tinha passado por todas as provações anteriores e se saído bem de todas elas.

No entanto, o zero a zero do primeiro tempo havia sido justo.

No segundo tempo, Riquelme resolveu aparecer e assim foi.

Arriscou de fora da área, deu passe para Mouche, foi o armador que todos esperavam que fosse.

O gol argentino veio de uma cobrança de escanteio desviada com a mão por Chicão (seria pênalti), a bola bate na trave e sobra para Roncaglia, que se despedia do Boca naquele dia: 1 a 0!

E agora? O que fazer, Corinthians?

Tite, por acaso há alguma coisa que possa ser feita?

Calma, o Corinthians tem Romarinho

E sabe quem “arma” a jogada do gol de empate?

Riquelme, sim, ele mesmo.

Um mal domínio de bola, raro em sua carreira, permitiu que Paulinho começasse o contra ataque e servisse Emerson Sheik.

Este girou sobre o marcador e serviu…Romarinho.

A narração de Cleber Machado para, só era possível ouvir o ambiente do estádio, quieto, observando a jogada.

Romarinho dispara e quando invade a área…

Uma pausa para a definição de Adenor Leonardo Bacchi, o próprio Tite:

“Eu grito: Bate!

Ele cava

Eu grito: Bate, p…

Ele cava”

Voltando ao minuto 39 da partida, ele cava.

Orión se prepara para um chute forte, cruzado, não para uma cavadinha.

Contudo, volta a narração de Cleber Machado:

“Olha o Romarinhoooooo”

Sim, Romarinho empatava o jogo para o Corinthians com a frieza de Danilo, a categoria de Paulinho, a veia artilheira de Liedson, seus companheiros há pouco tempo.

Recém-chegado ao Corinthians, Romarinho estreou em um Derby, fazendo os dois gols da vitória de virada por dois a um.

Um deles de letra.

Ou seja, o novo talismã alvinegro.

Romarinho era diferente.

Era um talismã como um dia foi Tupãzinho, Elivelton, Dinei e tantos outros que vestiram a camisa do Corinthians ao longo dos anos.

1 a 1!

Calma, não acabou

Mas ainda dava tempo para o Corinthians testar a sua sorte de campeão.

Riquelme bate lateral pela esquerda, Clemente joga na área, Viatri sobe a acerta a trave, e no rebote, sozinho, livre, sem goleiro, sem nenhum obstáculo (pelo menos que fosse visível), Cvitanich joga para fora.

Não tinha jeito, estava escrito, Boca 1, Corinthians 1.

Por fim, a decisão ficava para o Pacaembu.

Onde deveria ser, com a torcida corinthiana ali presente, dominante.

Seria em um 04 de julho.

Dia da independência norte-americana.

Seria também o dia da independência sul-americana.

Era esperar para ver.

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