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ANÁLISE: Vinda de Ivan possibilitará Corinthians a abandonar volante cão de guarda

Luís Butti

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Quando analisamos taticamente grandes técnicos do exterior (em especial Europa, México e Argentina), é possível ver uma postura defensiva. Além disso, também uma saída de jogo extremamente diferente. Algo infelizmente ainda precoce no Brasil, principalmente no Corinthians: goleiros participando ativamente da armação de jogo fora da grande área.

Exemplos não faltam. Manuel Neuer com Hansi Flick e Julian Nagelsmann no Bayern München (e com Joachim Löw na Seleção Alemã), Ter Stegen com Xavi e Luis Enrique no Barcelona, Ederson no Manchester City com Guardiola, Alisson com Jürgen Klopp no Liverpool, e principalmente Hugo Lloris, na época de Mauricio Pochettino no Tottenham 2018-2019. Todos eles participam ativamente da construção de gols de seus clubes com passes quebrando linhas ou causando maioria numérica, impedindo o adversário de roubar a bola.

Note outra coisa. Essas equipes citadas acima não atuam com a função do cão de guarda (Gabriel ou Xavier). Ou seja, o Volante plantado, puramente no bote ou marcação. Essas equipes roubam a bola com perde-pressiona e marcação alta na terceira metade do campo. Com Ivan, o Corinthians pode começar a se dar ao luxo de se preparar, a moldar um estilo europeu.

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Características de Ivan

Ivan é um “goleiro europeu” radicado em Campinas. Trata-se de um camisa 1 moldado pro futuro, que foi aprovado simplesmente no mesmo scout que aprovou Buffon, Szczęsny, Victor Valdez e Ter Stegen: Juventus e Barcelona, com extrema qualidade com os pés para a saída de jogo. Sim, o goleiro foi sondado por estas equipes (Juve e Barça) e a transferência só não aconteceu por conta de uma lesão e a pausa forçada pela pandemia.

Ivan vem de uma escola a qual Cássio, Donelli, Carlos Miguel e Walter (hoje no Cuiabá) não pertencem: a escola do futuro. Do goleiro que joga ofensivamente com os pés (não confundir com reposição boa ou tiro de meta certeiro), se tornando uma espécie de líbero, possibilitando que os laterais subam (ou um ou dois zagueiros), auxiliem os volantes de criação, sem ser necessário um cão de guarda.

Se rouba a bola do adversário sempre por maioria na segunda faixa do campo, e nunca mais com cão de guarda, fazendo com que meias possam subir a marcação pro terceiro terço do campo. Ou seja, Paulinho, Giuliano e Renato Augusto juntos. Sem Gabriel ou Xavier, pois Ivan sobe e se torna mais um na maioria. Não se perde um homem em campo só pra ser especialista em roubar a bola. O mundo todo está dispensando esta função. Hoje o primeiro volante também cria e desarma em maioria.

Mesmo que, num momento fortuito, Ivan erre e leve o gol de cobertura por estar adiantado, a probabilidade do Corinthians fazer três ou quatro e vencer o jogo é muito alta. Isso pois estaria em maioria nas três faixas do campo quase 90% do tempo de jogo. Maioria nas três faixas do campo diz muito mais sobre a partida do que levar um gol numa infelicidade.

Quando Cássio parar, Ivan desenha um futuro de um Corinthians muito mais avançado, sem espaço para os obsoletos cães de guarda, ainda tão necessários no Brasil. Mas não imagine algo pra tão já. A transição é demorada, demanda treino e não pode simplesmente descartar Gabriel ou Xavier de cara faltando três meses e meio para uma Libertadores. Mas o futuro promete mudanças radicais na saída de jogo corinthiana.

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