Vila Belmiro, 11 de julho de 1920, Campeonato Paulista. O Corinthians visitava o Santos pela Primeira Fase do torneio.
Os times ainda eram praticamente amadores e recentes. O Corinthians tinha 9 anos (faria 10 em setembro daquele ano) e o Santos tinha 8 (acabara de completar em abril de 1920) e ainda não eram rivais. Tudo era muito recente, não era um clássico ainda. Mas naquela tarde, que não era Domingo de Páscoa, se viu o maior chocolate da história do Timão.
Conta Fernando Wanner, historiador do Corinthians ao Globo Esporte que o campo da Vila Belmiro estava bastante castigado pela chuva, e pela preliminar entre os dois times (o Corinthians também venceu por 3×1) feita pelo segundo quadro das equipes (uma espécie de Categoria de Base.
Na época não havia muito a separação. O time do Santos não era fraco. Acabara de golear o Flamengo por 6×0 antes do jogo contra o Mosqueteiro. Mas o Corinthians tinha mais cancha, já havia vencido alguns Estaduais. E com Gambarotta e Neco, começou a aplicar os gols.
O Jogo
Com o placar elástico de 5×0 no primeiro tempo, o Santos começou a sair do sério. Reclamou bastante da arbitragem de Eduardo Taurisano e teve atletas expulsos.
Jogadores de linha foram pro gol, goleiro saiu para o ataque e até Ary Patusca, irmão de Araken Patusca (que por sua vez era o maior ídolo do Santos antes de Pelé) fez um gol contra proposital pela revolta.
O jogo acabou aos 22 minutos do segundo tempo, num dia que provavelmente seria vinte, trinta a zero pelo ritmo e disparidade das equipes. Mas o protesto santista em abandonar o campo diante do chocolate não caiu nada bem.
Segundo Gabriel Santana, historiador do Santos que conta detalhes da partida ao Globo Esporte numa matéria ano passado, a diretoria do Peixe puniu severamente os atletas, embora também reclamasse da arbitragem.
E a imprensa esportiva, que dava mais atenção ao turfe (corrida de cavalo), bateu pesado na atitude antidesportiva do time praiano.
O Santos abandonou também o Paulistão daquele ano, vencido pelo então Palestra Itália, hoje Palmeiras. O Corinthians de Neco e Gambarotta não levou o caneco. Mas nos deu uma linda história de chocolate de Páscoa.
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