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Duílio: Balanço do primeiro ano de mandato

Tiago Zambroni

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Início do ano de 2021, era hora de Duílio Monteiro Alves arregaçar as mangas e começar seu trabalho à frente do Sport Club Corinthians Paulista.

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Filho e neto de ex-dirigentes, chegava a vez do ex-diretor de futebol ir para a linha de frente de seu clube do coração, mesmo com a rejeição de grande parte da torcida que preferia outros nomes ao seu por receio da continuidade da chapa que representava (e representa).

Com uma dívida imensa, um time sem grandes perspectivas, sem nenhuma previsão da volta da torcida para os estádios, entre outros problemas, não restava dúvidas de que trabalho era o que não faltava para a nova gestão.

Duílio começou surpreendendo na escolha de alguns nomes, como a vinda do experiente e igualmente competente José Colagrossi Neto para a superintendência de Marketing.

Além disso,chegaram empresas conceituadas como a KPMG, a Falconi e o escritório de advocacia Gelson Ferrareze para implantação de compliance e gestão financeira com responsabilidade.

Ao lado do presidente estavam Roberto de Andrade, ex-presidente e agora diretor, e Alessandro Nunes, ex-atleta e agora gerente de futebol, além de outros nomes de peso na história do clube, como os ex-meias Danilo e Alex.

Abaixo, listamos alguns tópicos do primeiro ano de mandato do presidente em exercício:

Mudança da expectativa e perfil de contratações

O ano começou com Duílio pregando austeridade financeira, zerando as contratações no início da temporada e apostando na base.

A mantenção do técnico Vágner Mancini e as saídas pontuais de alguns atletas deram a tônica no início do ano.

Porém, com fracassos no Paulistão (queda nas semifinais para o Palmeiras), eliminação na primeira fase da Copa Sul-americana e jogos ruins na Copa do Brasil, minaram o trabalho do treinador e a queda foi inevitável.

Nesse intervalo, o Corinthians negociou com Renato Gaúcho e Diego Aguirre, mas acabou mesmo fechando com Sylvinho para o comando técnico da equipe.

Sem grandes reforços, a expectativa no Brasileirão era baixa.

Portanto, escapar do rebaixamento e buscar uma vaga na Copa Sul-americana de 2022 seriam objetivos plausíveis para se alcançar.

A queda na Copa do Brasil balançou o trabalho do treinador, mas o cenário começou a mudar quando o Corinthians anunciou seu primeiro grande reforço: o meia Giuliano.

Acima de tudo, ficava claro que a época de apostas havia dado lugar às certezas.

Enquanto isso, jogadores como Leo Natel, Matheus Vital, Jonathan Cafu, Michel Macedo, Matheus Alexandre, Davó, Éderson, Camacho, Rafael Bilu entre outros, haviam deixado o clube e liberado espaço na folha salarial.

Com isso, chegaram também Renato Augusto, Róger Guedes e Willian, mudando radicalmente o patamar da equipe.

Segundo o próprio presidente Duílio, o clube não estava fazendo loucuras.

Contratava porque poderia arcar com os custos de grandes jogadores.

A projeção dentro do campeonato mudou, a expectativa da torcida cresceu e o futebol da equipe…

Bem, dentro de campo o desempenho oscilava bastante, com partidas boas em casa e desempenho pífio fora de seus domínios.

Torcida em cima

Tal fato acabou motivando protestos e notas oficiais da principal organizada do clube: Os gaviões da fiel.

Mesmo com a pressão das arquibancadas, Sylvinho foi mantido por Duílio e o trabalho seguiu até o fim da temporada.

No final do campeonato, a vaga para a fase de grupos foi confirmada com duas rodadas de antecedência, dando tranquilidade para Sylvinho seguir no comando em 2022.

Antes do final do ano, o clube ainda anunciou o retorno de Paulinho, mas para o ano que se iniciará em breve, alguns problemas de elenco deverão ser equacionados.

Por exemplo, o destino dos emprestados que retornarão ao clube e o preenchimento de lacunas importantes no elenco, como a zaga e o comando do ataque.

Se 2021 começou com a régua baixa, 2022 começara com grandes pretensões e nada de modéstia.

Ponto positivo para a gestão Duílio Monteiro Alves que aos poucos vai montando uma equipe à altura das tradições corinthianas.

Duílio mais azul que vermelho

Um dos maiores desafios da gestão Duílio Monteiro Alves certamente era equacionar a grave crise financeira vivida pelo clube já há alguns anos.

Para isso, a vinda de empresas como a KPMG, Falconi e o escritório de advocacia Gelson Ferrareze que foi o responsável pela implantação do compliance foi fundamental para os resultados de 2021.

Graças à austeridade tão propagada por Duílio e sua equipe, além da chegada de novos patrocinadores, o Corinthians fechou o primeiro semestre com superávit de R$ 394 mil.

Embora a dívida total ainda estivesse longe de ser controlada.

No entanto, os processos trabalhistas de ex-funcionários do clube estiveram no noticiário do clube durante todo o ano.

O clube social também continuou apresentando números negativos nos balancetes.

O balancete de Agosto voltou a apresentar números positivos.

Dessa vez, os valores chegaram a 1,8 milhões no azul durante os oito meses do ano até aquele momento.

A dívida, entretanto, permaneceria próxima da casa do bilhão.

Vale lembrar que o Corinthians não precisou investir valores para as contratações dos seus grandes reforços da temporada.

E já havia enxugado a folha salarial com mais de 15 saídas de atletas por empréstimo ou em definitivo.

Chegada de novos patrocínios

O ano foi muito produtivo no que diz respeito a patrocinadores para as outras modalidades esportivas do clube.

Tidas como dependentes do futebol profissional, o basquete, o futebol feminino e o futsal apresentaram patrocínios master e outros que podem em curto prazo, tornar as modalidades autossustentáveis.

No futsal, a empresa São Cristóvão Saúde estampa a marca à frente da camisa, no espaço nobre da peça, além de exposição de placas pelo ginásio Wlamir Marques.

Contrato com vigência até 2023.

No futebol feminino, a Spani Atacadista (que também estamparia sua marca em peças do futebol masculino e Neo Química Arena) também fechou o espaço nobre da camisa das brabas.

E a parceria vem fazendo muito sucesso, levando em consideração todas as conquistas relevantes do time feminino em 2021.

A tríplice coroa do time de Arthur Elias fez com que a exposição aumentasse considerávelmente.

Ponto mais que positivo para Duílio, José Colagrossi e para a gestão da modalidade.

Mais a frente, a Fegaro, empresa do ramo alimentício também estamparia a barra da camisa da equipe multicampeã.

Já no basquete, a TOTVS, empresa de softwares, firmou contrato até 2026.

A equipe de basquete corinthiana correu o risco de ser encerrada em 2021, mas sobreviveu ao período de crise e ainda repatriou o ídolo Fuller.

Ainda assim, os resultados em quadra não foram os melhores.

Expectativa para um 2022 melhor.

No futebol masculino, a volta dos postos ALE e a chegada da Mercado Bitcoin e suas ações voltadas para a compra de Fan Tokens movimentaram a live de 111 anos do clube em setembro.

O parceiro barulhento de Duílio

Mas quem movimentou mesmo o mercado foi a desconhecida Taunsa.

A empresa do ramo do agro negócio foi anunciada com contrato até 2023 na última terça-feira (14) e chegou prometendo nomes de peso para o elenco, agitando a torcida nas redes sociais.

Com valores ainda desconhecidos, a empresa quer fazer barulho no mercado, ajudando o clube com grandes contratações.

O nome do uruguaio Edinson Cavani apareceu com força após o anúncio da nova parceira comercial.

Fiel Torcedor problemático

Algo a se elogiar nesse primeiro ano de gestão, foi a política adotada por Duílio e seus pares no que diz respeito à questão dos ingressos para as partidas da equipe.

A diretoria decidiu manter os mesmos valores de antes da parada para a pandemia, ao contrário do que fizeram outros clubes do país que inflaram os valores das entradas de suas respectivas equipes.

Mesmo com a capacidade da Neo Química Arena reduzida, o Corinthians manteve valores baixos, a partir dos 32,00 para os setores Norte e Sul enquanto o governo do estado não liberou a capacidade máxima.

Com um novo acordo com a Caixa sendo costurado nos bastidores e a renda ficando integralmente para o clube até o final de 2021, tal decisão sem dúvidas foi um acerto do mandatário.

Já a questão do programa FIEL TORCEDOR segue complicada.

Embora o programa exista para facilitar a vida do corinthiano, muitas foram as reclamações com relação à forma de pagamento, compensação de boletos, datas muito próximas das partidas e dificuldade para acessar o sistema que “caia” sempre que os ingressos eram liberados devido ao alto número de acessos.

Questões que ficam para a gestora OMNI e para o Corinthians equacionarem no próximo ano.

As Brabas de Duílio, Arthur e Cris

Se há um setor em que o torcedor corinthiano não precisa se preocupar, muito pelo contrário, deve se orgulhar, ele atende pelo nome de Corinthians feminimo.

Encabeçada pela diretora Cris Gambaré, a equipe feminina, apelidada de “As Brabas” fatura títulos aos montes e vem criando uma hegemonia impressionante.

O time de Arthur Elias, Grazi, Vic Albuquerque, Kemelli, Gabi Zanotti, Gabi Portilho, Érika e companhia (i)limitada ganhou absolutamente tudo que disputou em 21 (Sim, a Libertadores perdida para o América de Cali era válida por 2020).

A tríplice coroa veio em grande estilo.

No Brasileirão, com direito a apoio da Fiel Torcida em frente ao hotel em que a equipe estava hospedada, foi conquistado em cima das arquirrivais do Palmeiras, dentro da Neo Química Arena ainda vazia. 3 a 1 na decisão.

A libertadores veio com uma campanha invicta e vencida contra as colombianas do Santa Fé em Montevidéu. Vitória por 2 a 0 com direito a caravana da principal organizada para acompanhar as meninas na conquista do tri da América.

O Paulistão, último título do ano foi conquistado diante de mais 30.000 fiéis na Casa do Povo.

Vitória nos últimos minutos da partida com gol da artilheira Adriana, que aliás, marcou nas três decisões da equipe em 2021.

O time, que agora conta com patrocínio master para as temporadas seguintes, tem tudo para continuar fazendo sucesso no ano seguinte.

Portanto, prova de competência tanto dentro como fora dos gramados.

Quedas de braço na base

Um problema que o presidente Duílio precisou sanar, foi o relacionamento dentro das categorias de base.

A chegada de Carlos Brazil, vindo do Vasco da Gama, tinha por objetivo tornar ainda mais profissional a gestão da base alvinegra.

No entanto, os choques entre Jacinto Ribeiro, o Jaça e Carlos Brazil tumultuaram o ambiente logo do início.

Após maus resultados, Carlos decidiu demitir o então técnico Tarcísio Pugliese, da equipe sub-20

Jaça foi contrário à decisão e recontratou o treinador.

Nova sequência de derrotas e a situação do treinador ficou insustentável.

Com a queda (agora definitiva), chegou Diogo Siston, vindo também do Vasco da Gama e a equipe passou a conseguir melhores resultados e atuações.

Mas, tarde demais para seguir no Campeonato Brasileiro da categoria.

No Paulistão sub-20, o Corinthians acabou eliminado pelo Audax nas quartas de final da competição.

Sub-15 e Sub-17

As categorias sub-15 e sub-17 fizeram bons estaduais.

A equipe sub-15 caiu para a Ponte Preta e o Sub-17 disputa a final do campeonato estadual diante do arquirrival Palmeiras.

A primeira partida da decisão foi vencida pelo rival pelo placar de 3 a 1.

Após todas as desavenças, Carlos Brazil deixou o Corinthians e partiu de volta para o Vasco, levando consigo algumas pessoas de sua equipe.

Diogo Siston, pelo menos por enquanto, segue à frente da equipe que a partir de 04 de janeiro disputará a Copa São Paulo de Futebol Juniores.

Para o lugar do ex-dirigente, chegou André Figueiredo, com passagem pela base do Atlético/MG.

Jaça seguirá como homem forte da base corinthiana.

Enquanto isso, a polêmica equipe sub-23, que começou a temporada sob as batutas de Danilo (técnico) e Alex (dirigente), após fracasso no Brasileirão de aspirantes, teve seu fim anunciado.

De bom, apenas a aparição do volante Du Queiroz, hoje no elenco profissional e um dos xodós da torcida.

Bustos e Homenagens

Ronaldo venceu uma enquete apenas para compradores do Fan Token do clube, ficando com 63,5% dos votos, superando o próprio Basílio e o ex-goleiro Gylmar dos Santos Neves.

Em 2021, o homenageado foi o lateral direito Zé Maria.

O Super Zé recebeu a homenagem no dia 11 de novembro, e o busto relembrou a famosa cena do ex-atleta com a camisa manchada com seu próprio sangue.

A imagem ficou imortalizada após Zé Maria permanecer em campo, mesmo com um corte na cabeça durante a final do Paulistão de 1979, contra a Ponte Preta.

Nascia ali um dos maiores, senão o maior símbolo da raça dos 111 anos de história do Sport Club Corinthians Paulista.

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Em 2022, mais dois bustos estão programados: O de Ronaldo Nazário, o fenômeno e do Pé de Anjo Basílio.

Calçada da Fiel

Além dos bustos, o Corinthians em parceria com a patrocinadora Midea, inaugurou a calçada da fiel, bem em frente à megaloja da Neo Química Arena.

A calçada conta com 111 nomes de atletas que fizeram história no clube e dentre esses, 11 foram eleitos para compor o melhor time de todos os tempos.

Os nomes foram eleitos em votação no site da patrocinadora e os 11 eleitos foram: Cássio, Fágner, Chicão, Gamarra e Wladimir; Marcelinho Carioca, Neto, Rivellino e Sócrates; Ronaldo Fenômeno e Emerson Sheik.

E não parou por ai.

No último dia 03 de dezembro, Nike e Corinthians lançaram uma linha de produtos em homenagem ao Doutor Sócrates.

As peças foram lançadas há um dia de completarem 10 anos de morte do lendário meia corinthiano e fazem alusão à democracia corinthiana, movimento esse que foi encabeçado pelo Doutor e atletas que compunham o grupo que se sagrou bi-campeão paulista em 82 e 83.

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