Depois da suada vitória corinthiana contra a Chapecoense em plena Neo Química Arena, Sylvinho respondeu perguntas sobre suas decisões durante a partida.
“Tínhamos uma responsabilidade grande pelo resultado, e até mesmo se ele fosse elástico, e assim esperávamos. Mas do outro lado tem o adversário. Tem números ruins? Sim, mas vem jogar o jogo da vida. Profissionais de alto nível que defendem seu clube e suas família. O que faltou? Faltou esse primeiro gol. Em seis minutos tivemos boa possibilidade com o Du Queiroz, em jogada bem montada e treinada”.
Sylvinho também elogiou o goleiro adversário por algumas defesas importantes que fez, e frisou que as paradas que a Chape forçou, como o momento em que Keiller se jogou no chão, tiram a concentração do time.
“Os três pontos eram muito importantes para nós. Mas não foi fácil. Nosso torcedor ajudou demais, foi uma vitória de alma, de torcedor, de estádio cheio. Eu repliquei para os atletas do Corinthians. A vitórias que, além de tática, que mudou muito, mas o gol saiu do estádio. Lotado, 40 mil pessoas. É a vitória da alma”.
Por que dois volantes?
Em várias partidas o comandante escalou apenas Cantillo como primeiro volante, mesmo contra equipe mais fortes. Contudo, contra o lanterna do Brasileirão 2021, ele optou por entrar com dois volantes de marcação: Du Queiroz e Gabriel.
“O Du Queiroz deu muita consistência no meio-campo recuperando bola e entre linhas, com Gabriel Pereira e Fagner, criando um lado direito muito forte. Nós tentamos muito por aquele lado, poderíamos ter merecido uma melhor sorte, mas futebol não é sorte, é a bola entrar. Já o Gabriel, era um primeiro volante, tem alternado com Cantillo na função. Alguns momentos jogou Cantillo, outros Gabriel, nós temos essa alternativa, queríamos um meio-campo mais dinâmico para soltar mais o Fagner, Giuliano, Róger Guedes, GP, ter a liberdade de Renato”.
E então o técnico completou dizendo o porquê dessas mudanças.
“As mudanças fazem parte. Você tem um grupo, os trinta que fazem parte que ganham campeonato, com características diferentes. Entramos no 4-3-3, depois fizemos o 4-2-4, o Renato começou como centroavante falso, veio jogar como meia, terminou como dois volantes. Renato e Giuliano, dois meias jogando como volante. O Jô entrou como referência, o Róger era ponta-esquerda e virou segundo-atacante, o Gabriel Pereira e Gustavo invertendo posições na direita… O Gustavo entrou e fez um ótimo segundo tempo. Ganhamos três pontos hoje, deu certo. E no Sul (contra o Internacional), por um pouco não levamos os três pontos”.
O que o treinador achou do primeiro jogo com 100% do público liberado?
A diretoria do Corinthians pediu que esse jogo contra a Chape fosse remarcado para o dia 1 de novembro, justamente para que a equipe pudesse jogar ao lado de 100% de sua torcida. Sylvinho comentou o peso dessa presença.
“Nós tivemos variações táticas, qualidade do atleta em campo, lance bonito do Jô, cabeçadas de Gil e João, lance do Du, entre outras situações de gol. Mas o gol foi um retrato do que é o Corinthians, o estádio lotado empurrou o time para frente o tempo todo. Tivemos 80% de posse de bola, senhores, quer dizer que o torcedor estava próximo de nós, o time adversário não conseguia sair de trás. Uma finalização para a defesa do Donelli. Jogamos no campo adversário, é um retrato do torcedor do lado que cria uma atmosfera muito positiva para atacar o tempo todo. O nosso gol foi do estádio lotado, um estádio que impõe”.
Excesso de cruzamentos sem efetividade
Nesse sentido, o alvinegro abusou de cruzamentos sem objetivo e o treinador foi questionado sobre isso.
“Quando você tem um time adversário que atrasa as linhas, vem na proposta de se defender o tempo que for necessário… Obviamente a melhor jogada que tem hoje no futebol é entrar entre as linhas, aquela parte do meio-campo que você passa a primeira linha do adversário, seu atleta recebe, vira e joga contra a parte defensiva. Mas nem sempre ocorre isso porque essas linhas são curtas, aí você busca amplitude, aí vem o cruzamento. Da amplitude você não volta mais. A não ser que o adversário te feche. No mundo inteiro se escuta falar, grandes treinadores falam: “Se fecham, eu tenho que dar amplitude, aí fico com cruzamento”. O cruzamento é quase um passe incerto, não é algo seguro como trabalhar entre as linhas. É mais fácil a execução, tem mais controle da situação. Mas quando entra na amplitude é porque está tudo fechado por dentro”.
E Sylvinho finalizou lembrando que gols como um dos de Roni foram em cruzamentos no primeiro pau, e mencionou que faltou um jogador ocupando esse espaço.
Como o técnico constantemente reclama da falta de estatura do elenco, fica aquela pulga na orelha, questionando por que ele não incentiva os corinthianos a chutarem de longe. Já que os cruzamentos não suprem direito os desejos dele, abrir espaço e rematar de fora da área aparece como uma opção interessante.
Veja mais notícias do Timão:
+ Corinthians vence com gol no último minuto
+ Próximo jogo
O que o Sylvinho achou de receber vaias quando citaram seu nome?
“O nosso ambiente é ótimo, estamos alinhados com a diretoria, montando um grande time, preocupados em terminar bem a temporada para começar a próxima ainda melhor. Temos que fazer nosso papel. Tivemos duas construções de time, uma no primeiro turno com muitos jogadores jovens. Quando cheguei havia uma preocupação enorme que o time não passaria de décimo, ou até algo mais catastrófico. Mas o time tem se mantido em sexto, sétimo, sexto, sétimo já há algumas rodadas. Fico muito feliz. Temos um ambiente muito bom, alinhados com a diretoria, remando todos na mesma direção. Os atletas têm falado, me deixa muito contente a entrevista de muitos deles, saber que estão animados com o trabalho e projetando um futuro muito forte”.