Em meio a pênalti perdido por Roger Guedes, inúmeras lesões e suspensões e mesmo jogando em casa para quase 45.000 torcedores, o Corinthians empatou em 0 a 0 com os argentinos do Boca Juniors pela partida de ida das Oitavas de Final da CONMEBOL Libertadores.
Nesse sentido, na próxima terça, dia 5, o jogo de volta em La Bombonera promete pegar fogo.
Mas a animosidade já começou na partida de ida.
Entre faltas e cartões e a passividade do árbitro Roberto Tobar do Chile, dois episódios lamentáveis na torcida do Boca Juniors: um ato de racismo e outro, em apologia ao nazismo (leia mais aqui).
Em campo, já desgastado pelo calendário inchado, Willian era a válvula de escape dentro e fora de campo.
Caçado pelos defensores argentinos, Willian tentava circular em meio ao esquema de Battaglia, que congestionou as pretensões de Vítor Pereira em criar de forma mais incisiva.
Porém, Willian tinha uma função à mais nesta partida: além de ser uma resistência física de Vítor Pereira em meio aos desfalques que não param de aumentar (Fagner e o próprio Willian sentiram na partida), ser uma resistência moral.
Willian foi o primeiro a se manifestar contra os atos racistas dos torcedores Xeneizes na partida da Fase de Grupos.
Ficar em campo nas trincheiras da Libertadores era questão de honra.
Eis que uma lesão no ombro faz com que Willian saia da partida.
Willian, o Blackenbauer
Ferido, o cria do terrão se recusa a deixar a partida. Tira a camisa, enfaixa o local lesionado e retorna ao campo, lembrando os mais saudosistas o alemão Franz Beckenbauer na Copa de 1970, na Semi contra a Itália.
O Kaiser fraturou a clavícula contra os italianos, mas voltou ao campo mesmo lesionado e imobilizado, numa cena similar a de Willian na noite anterior.
Feito de resistência, por exemplo, dado apenas a grandes craques.
Dessa forma, era questão de honra duelar para calar uma torcida que insistia em ofender seu maior orgulho: sua raça e sua cor.
Lamentavelmente, Willian não conseguiu terminar a partida. Novamente golpeado no local, deu lugar a Fábio Santos.
Mas sua força de vontade em ajudar o clube em um jogo tipicamente de mata-mata com catimba, poucos acréscimos e lesões.
A Identidade Corinthiana espera que o destino lhe reserve uma coroação internacional a Willian, como fez com Franz Beckenbauer, desta vez com a clavícula inteira, foi coroado em 1974 na Seleção Alemã.
A história do Futebol normalmente coroa os atos de resistência.
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